Nigel Godrich, o produtor de sucessos

Conheça aqui o produtor que já trabalhou em discos clássicos do Radiohead, Beck e Paul McCartney, sempre deixando a sua marca de eficiência

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Quando um disco é lançando e recebe aplausos da crítica e do público, todos os louros da vitória são direcionados à banda. Nada mais justo, dado que o trabalho gravado é uma prova do talento dos músicos, que conseguem transmitir os seus sentimentos através da música. Justificamos a beleza de uma composição por como o guitarrista conseguiu fazer aquele solo, ou de que forma o baixista criou aquela base cativante. Mas quantas vezes já não nos deparamos com bandas que tem álbuns super interessantes, porém não conseguem tocar bem ao vivo? Ou aqueles casos em que a banda tem um lindo disco de estreia e só? Ou simplesmente aquelas que fazem grandes trabalhos gravados e bons shows, mas estão sempre ligados a um produtor especificio? O papel de um produtor de música é muitas vezes mais importante do que o próprio talento do artista.

É ele que possibilita uma mudança do direcionamento artistico de bandas, que ajuda na gravação, mixando ou simplesmente fazendo uma linha de baixo. É ele que tem uma visão fora da grupo, um olhar crítico que está lá para tornar o talento dos artistas ainda mais notável. Nigel Godrich não só é um produtor de música, mas também um engenheiro de som e também músico. Seu trabalho passa por artistas como Radiohead, Beck, R.E.M, Paul McCartney e U2, além de indicações a Grammys tanto por Álbum do Ano quanto Produtor do ano.

Juntamente ao Radiohead, ajudou a produzir discos clássicos como OK Computer e In Rainbows, além de Kid A, Amnesiac e o último, King of Limbs. Não é à toa que ele é considerado o “sexto elemento” do grupo britânico, reconhecimento resultante de trabalho árduo com uma banda que gosta de se renovar e explorar novas vertentes de som, mas eficiente dado o sucesso de crítica e público de todos os discos citados. Apesar desses títulos soarem tão distintos, se trata do Radiohead e são frutos do trabalho conjunto com Nigel.

Mas o produtor não trabalha só para Thom Yorke e sua banda. Sea Change de Beck, por exemplo, é uma demonstração do senso crítico e artístico do produtor que marcou uma mudança gigantesca na sonoridade do cantor, tornando-o um dos discos mais apreciados pelos seus fãs. Em seu trabalho com Paul McCartney no disco Chaos and Creation in The Backyard, demonstrou pulso firme ao demitir toda a banda que acompanhava o ex-Beatle e descartar diversas composições dele por as considerar clichê e sentimentais demais. O disco de Paul viria a ser indicado ao Grammy e traria também novos ares a este músico.

Nigel também produziu uma série de TV musical chamada From the Basement, composta por diversas gravações feitas ao vivo com artistas de renome, no estúdio Maida Vale em Londres. Nas palavras do produtor, o programa deveria ser uma demonstração de como música é feita ao vivo, sem público, somente a banda consigo mesmo. Apresentações históricas passaram pelo “porão”, como Band Of Horses, Queens of The Stone Age, Racounters e, é claor, Radiohead. Esse último, aliás, fez um concerto memorável na época de lançamento de In Rainbows que, na minha opinião, é o registro ao vivo mais marcante da banda. Confira-o abaixo:

Godrich iniciaria a sua carreira no cinema ao participar da criação da da trilha sonora do filme “Scott Pilgrim Vs o Mundo”. Este trabalho mostra-se interessante pois o quadrinho em que o filme é baseado tem diversas bandas fictícias que foram trazidas a vida, com letras originais dos quadrinhos mas com arranjos sonoros que não podem ser reproduzidos via texto. Godrich, neste caso, tirou literalmente as bandas do papel.

No entanto, a carreira de um produtor é feita também de altos e baixos. Nigel foi contrato para produzir o sucessor de Is This It, disco de estreia da então sensação do momento, The Strokes. No entanto, desta vez, ele é quem foi demitido após alegações da banda que as gravações estavam “sem sentimento algum”. Recentemente ele também produziu o disco do Ultraísta, banda da qual ele faz parte tocando baixo e sintetizadores, mas que trouxe um resultado aquém do esperado.

No entanto, os próximos projetos do produtor mostram-se interessantes, como a participação e produção da “big band de 2013*, Atoms for Peace do seu quase irmão Thom Yorke. O papel de um produtor muitas vezes é deixado lado, mas não podemos esquecer que por trás de todo grande álbum existe uma grande banda, que funciona melhor quando há um competente produtor olhando e palpitando sobre toda a criação artística.

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Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.