Dizem que as melhores coisas são feitas com nossas próprias mãos. Essas são as mais íntimas, daí também serem tão especiais. As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a Wallflower, 2012) tem sua história ambientada no início da década de 1990 e mostra cartas escritas e mixtapes criadas a mão, ao invés dos dedos apenas indicarem o que uma máquina deve produzir dentro de seu formato padronizado, uma desvantagem do mundo mais impessoal em que vivemos hoje.
E de sinceridade o filme está cheio. Adaptado do livro de mesmo nome de Stephen Chbosky (que também escreveu e dirigiu a versão cinematográfica), ele narra o primeiro ano de high school do traumatizado Charlie (Logan Lerman) e sua amizade com Patrick (Ezra Miller) e sua quase irmã Sam (Emma Watson), por quem o protagonista se apaixona. Quem atua como coadjuvante na história é a música, assunto sempre presente nas conversas do trio, o que acabou gerando uma compilação muito boa com grandes sons de décadas atrás.
Uma das pequenas tramas paralelas que compõem o todo é justamente sobre Heroes de David Bowie, que toca no rádio em um momento especial para a amizade dos três e que eles não sabem de quem é. A faixa preferida de Charlie, Asleep dos ingleses The Smiths, citada em algumas cenas, também não poderia ter ficado de fora da trilha oficial.
É assim, cheio de detalhes, que o filme se constrói, mas quanto menos você souber da história, mais vai se surpreender. Eu vi meio sem saber do que se tratava e foi melhor assim. Porém, vale ouvir a trilha com New Order, Sonic Youth e Cocteau Twins no repeat desde o quanto antes.
O que vale ser dito é que a produção é muito rica na pessoalidade, essa humanidade, que o protagonista encontra ao longo dos meses. Foi com as mãos que ele fez amizades com mixtapes e cartas, depois reatou relacionamentos com socos que deu em uma briga que não era dele e, por fim, entra em mais um momento de autodescoberta pelo toque da menina de quem gosta.
The Smiths – Asleep
Cocteau Twins – Pearly-Dewdrops’ Drops
David Bowie – Heroes
