2013: Um Ano De Veteranos

Artistas que são influência para uma infinidade de novos nomes continuam ainda na ativa, perpetuando seu legado e construindo obras incríveis

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Em um cenário cada vez mais recheado de novidades, os veteranos que conseguem manter-se em atividade (e o mais importante: mantendo também sua qualidade) são casos cada vez mais raros. Preservar seu frescor em uma Indústria tão efêmera e competitiva quanto à da música é algo dificílimo, mesmo pra quem já criou em sua carreira um ótimo legado.

Porém, alguns conseguem não só manter-se vivos no mercado, mas perpetuar seu ótimo trabalho em cada novo lançamento. Só neste ano já tivemos alguns ótimos discos para provar isso: Nick Cave and The Bad Seeds e seu ótimo Push The Sky Away, o regresso de um hiato de mais de 22 anos do My Bloody Valentine em seu MBV e Fade de uma banda que nunca saiu de cena, o Yo La Tengo.

Mas talvez o melhor exemplo em 2013 seja David Bowie e seu triunfante retorno em seu The Next Day. Nesta obra, o Camaleão mostra exemplar longevidade ao criar uma de seus discos mais completos, mesmo que não que tão icônico quanto The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars, Space Oddity ou Aladdin Sane.

Bowie cria um manifesto para provar àqueles que duvidavam de seu brilho e genialidade, que não existe tal coisa como resiliência musical; faixas, discos, artistas, estilos, fórmulas, todos esses se desgastam com o tempo. Porém, aqui, ele prova que músicos realmente talentosos, como é seu caso, são capazes de criar obras extraordinárias independente de sua idade.

Se por um lado há aqueles que retornaram, há também aqueles nunca deixaram o mundo da música. Aqueles que são verdadeiros dinossauros e que estiveram presentes nas primeiras mudanças da indústria Fonográfica, que as enfrentaram e que ainda hoje se mantém relevantes em um mercado tão plural e desafiador como o de hoje. Só para citar exemplos, vale a pena lembrar de Johnny Marr (que apesar de lançar seu primeiro disco solo agora, vem realizando ótimos trabalhos desde os anos 80), Guided By Voices, Dinosaur Jr., David Byrne e Bob Dylan. Nomes que nunca saíram das manchetes e sempre mantiveram a qualidade pioneira de sua música.

Porém, essa não á a única forma de manter a chama de sua música acessa. Muitos destes artistas que fizeram sucesso em seu próprio tempo construíram indiretamente as bases para a música que vemos hoje. Afinal, não há criação sem inspiração.

Voltando ao exemplo de Bowie, o músico não só construiu uma obra incomparável, mas também, hoje, é influência para uma infinidade de novos artistas. Os que, talvez, mais se destacaram nos últimos tempos, Foxygen e Unknow Mortal Orchestra, bebem diretamente de sua fonte e trazem o mesmo “camaleonismo” e adaptabilidade do artista para sua própria música.
Curiosamente, hoje, os veteranos disputam atenção do público com seus “pupilos”. Não é exatamente aquela história de “o aluno superando o mestre” ou “mestres insuperáveis”, é mais algo como uma coexistência, ou simbiose, se preferir, entre influência e influenciado.

Tentando não me alongar ainda mais, nada é perene e todos nós dispomos das mesmas peças para criar, os veteranos criaram suas obras (alguns deles continuam ainda hoje as criando) e os novatos brincam com as mesmas peças hoje em dia, as rearranjando e combinando de diversas formas, com o intuito de criar algo novo. Mas uma coisa é um fato incontestável: não existiria futuro se não fosse o passado.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts