A volta do Techno em 2013

Depois de quase 10 anos no ostracismo do Techno, produtores renomados e emergentes do mundo todo voltam com o gênero

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Com um cenário cada vez mais sedento por mudanças e misturas, o Techno dá suas caras novamente depois de progressivo crescimento nos anos 90 e esquecimento em meados dos anos 2000.

Pra quem não sabe, a música eletrônica deu seus passos mais longos e conhecidos com os professores do Kraftwerk. Lá nos anos 70, as experimentações rolavam soltas e a estrutura de um “Techno” ia se construindo. Mas foi somente na década seguinte que um americano começou a se atentar para as particularidade dos sintetizadores e resolveu aliar ao cenário industrial e frio que sua cidade se encontrava. Detroit foi a cidade foco de grandes pólos industriais e, consequentemente, do Techno, um som repetitivo e frio, assim como a rotina de Juan Atkins. O nome veio da expressão “Techno Rebels”, tirada do livro The Third Wave (Alvin Toffler). Atkins, grande pesquisador e fã da Disco Music, conseguiu juntar elementos de outros gêneros que estavam em destaque na época, como Funky e Jazz, na assinatura de seu som. Isso deu liberdade para que se criasse uma série de vertentes, inclusive até hoje, em sua estrutura. Depois do lançamento de seu primeiro single, NO UFO, a Europa comprou sua ideia e começou, então, a difundir o Techno de forma massiva.

O que acontece é que, como a música eletrônica foi espalhada depois de tudo isso, qualquer estrutura similar era chamada, também, de Techno. Tudo que fugia dos elementos orgânicos (como o Disco e até o House) e tinha uma alma “computadorizada” por completo era conhecido como Techno. O gênero passou bons anos emprestando seu nome a sons como Drum’n’bass e até Electropops.

O início do estilo no Brasil veio nos anos 90 com Marquinhos MS e melhor trabalhado posteriormente com Renato Lopes e, principalmente, o Mau Mau (que até hoje ambienta seus sets no Techno). O som, por conta da falta de “alma”, foi rejeitado por anos tendo seu maior suporte no underground, no seu início no Malícia e no Sra. Krawitz em São Paulo. No início dos anos 2000, com o barulho do Psy-Trance, o Techno foi deixado de lado pelo público e só retornou nos últimos anos.

A música eletrônica em si vem mudando bastante nos últimos 10 anos. A mistura entre gêneros virou a nova regra e uma possibilidade extra de originalidade e criação de novos sons. Essa experimentação toda vem conquistando ainda mais adeptos para a e-music e “amaciando” o que antes era trabalhado na inércia. Numa época em que o excesso de informação (e synths) domina, o repetitivo pode fazer a diferença. É aí que, no meio de todo o liquidificador, o Techno volta à vida aos poucos com uma força ainda maior que antes.

Mauro Picotto, Andy Moor, Sasha, Ali Dubfire, Carl Cox, Markantonio são alguns dos maiores nomes do Techno mundial, headliners nos maiores eventos que homenageam o gênero. No Brasil, atualmente, é possível sustentar algo tão underground e, para alguns, “ultrapassado” graças aos visionários principalmente da D-Edge. Renato Cohen fez parte do início da história do Techno no Brasil e até hoje se sustenta nele. Desde 96 produzindo e fazendo carreira, foi autor do maior hit brasileiro do gênero, Pontapé. Com o surgimento e sucesso do Deep House em 2012, o produtor voltou com suas origens nesse ano lançando um EP de remixes dessa faixa, uma ótima forma de reviver os bons anos 90.

Pontape (2013 remake)

Além dos “vanguardistas”, produtores emergentes vêm resgatando uma veia que nem lhes fizeram parte. Groove Delight é uma produtora paulistana que está fazendo seus trabalhos em cima do Techno. Auto-didata desde os 14 anos, “Kéh” vem ganhando espaço e respeito numa cena massivamente masculina. Hoje com 20 anos já tem um currículo notável, remixes respeitados e projeção nacional. Começou produzindo Electro, mas partiu para o House por perceber que o público do estilo “sabia o que estava escutando”, palavras da própria. Tendo em suas influências produtores como Simon Garcia, Danny Daze, Frivolous, Miguel Campbell, Joris Voorn, dentre outros, passou alguns anos na produção no low BPM, partiu para o Techno por querer revivê-lo e mostrar que qualquer gênero pode ser bom e ter vida se bem executado. Lançou, então, há quatro meses um set provando isso. O nome? Techno is Back:

Groove Delight @ Set – Techno Is Back – Low Q 128kbps

Como dissemos no início do ano como uma das apostas de 2013, o Techno tinha tudo para dar suas caras. Uma ótima forma de trazer aos novatos a melodia de Detroit que não queremos que morra.

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Publicitário que não sabe o que consome mais: música, jornalismo ou Burger King