James Brown e Os 50 Anos de Live At The Apollo

Um dos grandes registros ao vivo do cantor é relançado comemorando cinco décadas influenciando gerações de músicos

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No panteão máximo dos discos ao vivo de todos os tempos, repousa em berço esplêndido, Live At The Apollo Theatre, gravado por James Brown no distante ano de 1962. Era a história sendo escrita, lançada em 1963, num álbum incendiário, que documenta a primeira fase da carreira de JB, quando ainda não havia o que conheceríamos a partir do fim dos anos 60, como “Funk”. Ele era um cantor de Soul, de standards negros do R&B, ainda amoldando formas e estilo, mas já era um monstro no palco, capaz de influenciar gerações de músicos, de Michael Jackson a Charles Bradley.

O Soul Brother Number 1, The Hardest Man In Showbusiness, Mr. Dynamite e outros mil apelidos conferidos pelo apresentador do espetáculo, fez centenas de apresentações no sagrado palco do Teatro Apollo, no Harlem, Nova York. Registrou três discos ao longo da carreira com shows gravados lá, além do primeiro álbum de 1963, vieram Live At Apollo vol.2 (1968) e Revolution Of Mind: Live At Apollo vol.3 (1971). Esta coletânea resume esses três registros, possibilitando um passeio generoso pelas fases iniciais da carreira de James Brown. A primeira metade da década de 1960 tem passagem assegurada, começando pela Introduction to James Brown, na qual o astro é apresentado, apelidado e tem seus feitos (canções) enumerados, passando por petardos inicias do quilate de I’ll Go Crazy, Try Me e Night Train, para desembocar na transitória Cold Sweat e na romântica Please, Please, Please.

A segunda metade da década e o início dos anos 70 pedem passagem a partir de versão incendiária de Sex Machine, nem tão grande quanto outros registros ao vivo de JB, aqui durando pouco mais de cinco minutos, mas emendada sem piedade com Get Up, Get Into It, Get Involved e Soul Power, mostrando com detalhes a interação do mestre com sua banda de apoio mitológica, The JB’s e o estabelecimento do Funk original, do bailão atemporal, do suadouro coletivo, da dança como libertação da mente.

Como se não bastasse, duas inéditas completam o set: Hot Pants Road e There It Is, que seriam lançadas no abortado Get Down At The Apollo With The JB’s, previsto para ver as prateleiras das lojas do mundo em 1972. Desnecessário dizer que os três registros das apresentações do mestre no Apollo são itens imprescindíveis em qualquer discoteca que se preze, mas também não dá para reclamar desta coletânea que celebra os cinquenta anos do lançamento do primeiro disco, cuja missão nobre é apresentar às novíssimas gerações este extra-terrestre da música que foi James Brown. No palco do Apollo ele estava sempre em casa.

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ARTISTA: James Brown
MARCADORES: Relançamento

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.