Entrevista: Esperanza (antiga Sabonetes)

Para lançar seu segundo álbum, banda escolheu ser rebatizada pelo nome do disco. O vocalista Artur Roman nos explica melhor

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Já faz um bom tempinho desde que Sabonetes fez um barulhinho por vários cantos do país com aquele Indie Rock de levada Folk cantado em português que nos ajudou a abrir os olhos para o som contemporâneo feito em Curitiba. Três anos após a vinda para São Paulo e o lançamento do primeiro e homônimo álbum, Artur, Wonder, João e Alexandre apostam novamente em um disco que leva o nome da banda, só que assumem também uma nova identidade: Esperanza.

Lançado hoje, Esperanza, o álbum, chega sabendo causar impressão com uma sonoridade emotiva e mais firme que no trabalho anterior, um espelho do evidente amadurecimento pelo qual a antiga Sabonetes passou. Com produção de Alexandre Kassin, o registro deve agradar quem aguardava novidades do grupo (e contribuiu com o financiamento coletivo que tirou a produção do papel), mas deve também surpreender quem já acompanha a banda, a começar pela novidade do nome.

Para entender melhor os processos que levaram ao renascimento da Esperanza, conversamos com o guitarrista e vocalista Artur Roman, que nos contou sobre o lançamento e o tempo que levou o quarteto até ele.

Monkeybuzz: A partir de que momento vocês sabiam que a banda ganharia um novo nome? Quais são os traços de Esperanza que já víamos em Sabonetes (o disco)?
Artur Roman: Desde o início do processo de pré-produção do disco, já sentimos um clima Esperanza. Acredito que no primeiro álbum ainda éramos o Sabonetes.

Mb: É fácil pensar nos riscos de rebatizar um projeto já bem estruturado. Quais foram as razões que fortaleceram a decisão de agora ser Esperanza?
Artur: O nome Esperanza apareceu e foi crescendo de uma forma tão natural e orgânica que soubemos desde o início que era a coisa certa a ser feita. Estamos muito à vontade com a mudança e isso nos fez superar facilmente os riscos do processo do “rebatismo”.

Mb: Vocês falam de um processo de amadurecimento, de evolução do som, e Esperanza, o álbum, logo me chamou a atenção por ser mais sentimental, emotivo, que o anterior. Vocês encaram isso como um reflexo dessa maturidade ou tem mais a ver com o momento de vida em que vocês estão?
Artur: Amadurcemos como pessoas e evoluímos enquanto banda, pois tocamos juntos há 8 anos. Não posso dizer que este disco é melhor ou pior do que o primeiro, nem dizer que Esperanza é uma evolução do Sabonetes. Somos apenas diferentes do que éramos e estamos muito felizes com isso. As letras podem soar mais sentimentais porque perdemos o receio de escrever sobre certas coisas. Queremos ser mais diretos e mais claros do que éramos.

Mb: As introduções de Melancholia e Sem Porquê me lembram Naked Girls & Aeroplanes. Como os outros projetos em que vocês se envolveram recentemente participam no processo de evolução do som da banda como um todo?
Artur: Não é algo pensado ou planejado, mas é inevitável que isso aconteça, assim como muita coisa do Esperanza influenciou o Naked Girls. É uma troca constante e saudável de referencias e influências.

Mb: E sobre cantar Eramos Carlos e Roberto Carlos, que lições vieram dessa experiência?
Artur: Cantar Roberto e Erasmo influenciou principalmente na perda do receio de ver beleza na simplicidade, da qual falei antes.

Mb: Carta de Adeus é uma das músicas que mais me chamam a atenção no disco. Em comparação ao primeiro ou não, as descrições como “romântico” e “grandioso” ficam pra mim, principalmente por essa faixa. Como vocês descrevem o álbum?
Artur: É um disco de canções. Nos dedicamos muito aos arranjos, mas no sentido de enfatizar a canção, e não a estética. Trazer à tona o que cada letra, melodia e harmonia tem de especial. E esse processo foi muito particular em cada canção, o que deu uma cara plural ao disco. O fio condutor que trouxe unidade ao álbum foi a sonoridade, pois gravamos ao vivo.

Mb: Como foi o trabalho com Kassin? Qual vocês sentem que foi a maior contribuição dele para o disco?
Artur: O trabalho com o Kassin foi lindo. Ele é um cara tão genial que parece não ser deste planeta e abraçou o projeto do nosso disco como um amigo. Acredito que o Kassin abriu a nossa cabeça para enxergar o processo de gravação com maior liberdade e organicidade. Ele sugeriu que gravássemos ao vivo e, muitas vezes, sem metrônomo. E, depois dessa experiência, provavelmente nunca mais gravaremos de outra forma.

Mb: Sabonetes sempre foi referência como uma “banda de Curitiba”. Esperanza nasce como uma banda paulistana?
Artur: Esperanza nasce como uma banda brasileira.

Esperanza

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MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.