Phillip Nutt: Crescido, Naturalmente

Em seu segundo trabalho, “To Whom It May Concern”, músico paulistano explora novos sons em formato de banda

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Fotos: Monkeybuzz

“Eu sou um artista, cara”, disse Phillip Nutt enquanto me explicava como seu novo e segundo álbum, To Whom It May Concern, não se importava em seguir a linha Folk à qual ele ficou associado com seu primeiro trabalho. E se essa frase poderia ter um valor esnobe vindo da maioria dos músicos que você conhece, quando ela sai do cara recém-chegado à segunda década de vida sentado à minha frente, tomando seu guaraná em uma tarde ensolarada de São Paulo, a descrição me parece tão natural quanto precisa.

Isso foi na última segunda-feira, três dias antes do show de lançamento do disco, e o clima era de muita ansiedade, coisa de quem sabe que fez um bom trabalho. E fez mesmo. Os dois anos que separam From Heart, sua estreia, deste novo trabalho são aqueles em que um garoto dessa idade naturalmente amadureceria (ou assim esperamos) e isso foi acentuado no caso dele justamente pelo lançamento e pela repercussão do disco – “que ficou em 30º lugar na lista de melhores do ano do Rock In Press, na frente da Gal Costa”, como ele faz questão de lembrar.

“Foi um disco que me trouxe muita coisa boa”, argumenta, “mas esse novo é diferente”. Essa distinção vem do processo de amadurecimento individual sim, mas também pelo crescimento que seu próprio som teve, aumentando da voz e violão para uma grande formação para To Whom It May Concern, que conta com timbres além dos óbvios na banda, como o violino (que também dava a cara em seu primeiro trabalho), gaita e saxofone, e o papel que Nutt teve no meio de tudo isso, além de compor, tocar e cantar, foi o de comandar toda a produção.

Phillip Nutt

Por isso, ele fala como um pai orgulhoso (e chama o disco de “filho” mesmo) do lançamento e também do grupo de músicos que o acompanhou ativamente nas gravações e, a partir de agora, ao vivo. Por trás do copo de guaraná, ele comenta empolgado como conheceu cada um deles, as credenciais que cada um carrega e, principalmente, como cada um deles contribuiu para que ele conseguisse chegar onde queria com este trabalho.

”Foi um disco que me trouxe muita coisa boa, mas esse é diferente”

“As pessoas podem achar que vai ser o mesmo Phillip Nutt de From Heart, mas é um disco muito mais alegre”, ele diz. Quando pergunto por que, responde daquele jeito maroto: “Agora eu tô namorando”, mas completa depois que “tem muito a ver com o que eu tô ouvindo agora”, daí também a mudança de rumo do que antes era um trabalho de singer-songwriter, o que o pessoal por aqui costuma chamar de Folk mesmo, para poder brincar com os mais variados estilos, do lado mais Pop do Jazz aos ritmos latinos e até entrar de vez em uma pegada mais caipira, muito mais do que fez no primeiro álbum.

Ao vivo, Phillip é o maestro que coordena os muitos músicos em cima do palco sem perder o foco da interpretação. O que fica mais evidente é a alta qualidade com que todo seu material autoral vem sendo trabalhada, não necessariamente essa coisa “gente grande” – até porque ele não perde a chance de brincar sempre que pode e nos deixar sem saber o quanto uma certa timidez no palco é charme ou sinceridade.

“O primeiro disco chama From Heart, mas eu fiz este com mais coração ainda”

Mas, de honestidade, seu trabalho está cheio. “O primeiro disco chama From Heart, mas eu fiz este com mais coração ainda”, ele conta. E, realmente, seja no CD ou no palco, o teor orgânico das suas músicas é claramente percebido. Soma-se isso ao olhar sempre denso e o sorriso espontâneo e largo que ele não consegue nunca esconder e, ao ouvir ele se chamar de “artista”, fica difícil e sem sentido discordar.

Phillip Nutt

To Whom It May Concern foi lançado ontem, 15 de agosto, fisicamente durante o (excelente) show e sairá em formato digital na segunda, 26 de agosto, para download gratuito.

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ARTISTA: Phillip Nutt
MARCADORES: Novo álbum

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.