Washed Out: O Último Sobrevivente da Chillwave

Projeto de Ernest Greene continua aprimorando o estilo que ajudou a popularizar em 2009, sendo um dos únicos a ainda se manter fiel aos preceitos do ficou conhecido como Chillwave

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Por mais que quando tenha surgido na mídia, ainda em 2009, Ernest Greene tenha sido colocado no mesmo pacote de bandas como Toro Y Moi, Neon Indian e outros expoentes do que da blogosfera apelidou de Chillwave, o som o músico que desenvolvia em seu projeto Washed Out seguia em uma direção bem particular. Rodeado por grande aura nostálgica, o produtor começava ali a experimentar com diversos timbres de sintetizadores, tons e texturas etéreas e muita reverberação resultando em algo profundamente belo, dançante, ingênuo que não à toa chamou a atenção de muita gente.

Catapultado por participar de uma cena que de fato nunca existiu, Greene desenvolveu seu próprio jeito de produzir e já deixou isso claro com o EP Life Of Leisure, lançado ainda em 2009. Com apenas seis faixas, a obra mostrava ali grande parte das características do produtor e, é claro, de sua produção. Ainda com muitas arestas a serem aparadas, este pequeno EP mostrava um diamante em seu estado mais bruto, pronto para ser lapidado em obras futuras. A produção Lo-Fi denunciava que aquilo foi feito de forma caseira, mas também sua qualidade ao ambientar suas experimentações ao sintetizador e suas ótimas e simplórias melodias e batidas.

Dois anos se passariam até que o músico lançasse sua primeira obra, Within and Without. Em 2011 muitos dos precursores da Chillwave já tinham lançado um ou até dois discos e curiosamente Greene foi o que mais demorou a ter sua obra finalizada, mas também a que mais levou adiante tudo o que foi usado para sintetizar as características do estilo. Se Toro Y Moi e Neon Indian já embarcavam em outros rumos, o Washed Out vinha prolongar um pouco mais o estilo.

Com melodias simples, muito eco e reverb, uma série de vocais intimistas (muitas vezes quase sussurrado, mas ainda assim inteligível) e amarras, texturas e batidas eletrônicas, o disco ganhou destaque naquele ano por alguns singles, como Amor Fati, Eyes Be Closed e Soft. Uma coisa interessante ao notar as capas dessas duas obras, é que elas conseguem dizer muito sobre seu conteúdo. Enquanto Life Of Leisure tem cores saturadas e aquela cara Lo-Fi, Within and Without é mais límpido e distinguível, comparação que se aplica perfeitamente ao que se ouve nestes dois trabalhos de Ernest.

Mais dois anos se passariam até que o projeto rendesse mais um disco, periodo em que o nome por trás da banda de um homem só amadureceu bastante sua produção, deixando seus pontos fortes ainda mais fortes. Mais melodioso e com uma produção ainda mais límpida, Ernest mostrou ao mundo o incrível Paracosm. Um disco que ainda segue os preceitos da Chillwave, mas de forma mais orgânica e natural – e “orgânico” é um ótimo adjetivo para um disco que mescla alguns sons naturais em meio o usual tom sonhador dos sintetizadores do músico.

Outra que coisa que notasse neste novo álbum é uma aproximação quase tropical e ao mesmo tempo psicodélica ao Dream Pop/Lo-Fi de seus primeiros trabalhos – a capa pode entregar também um pouco desta pretensão de Ernest em seu novo disco. Além dessa vibe ensolarada, o músico traz mais elementos (como variados timbres de guitarras, percussão incorporando sonoridades bem próximas aos instrumentos acústicos e sons que parecem ter sido captados fora do estúdio).

Diferente, mas nem tanto assim, Paracosm é até então a melhor obra de Washed Out, que prossegue seu caminho profundamente enraizado em um estilo que ele mesmo ajudou a criar, mas ao mesmo tempo florescendo em outras direções e buscando novas sonoridades.

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ARTISTA: Washed Out
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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts