Aquecimento Rock In Rio: Dia 20/09

O que esperar dos shows desta sexta-feira nessa edição do maior festival de rock que o Brasil já recebeu?

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Monkeybuzz segue com sua cobertura pontual das atrações que realmente interessam neste Rock In Rio. A segunda semana do festival começa, pelo menos para nós, na sexta-feira, dia 20. Fincaremos nossa bandeira símia na Cidade do Rock e examinaremos com detalhes as apresentações de três artistas: Mallu Magalhães (que se apresentará com a Banda Ouro Negro), Ben Harper (num show com o venerável gaitista de blues Charlie Musselwhite) e o pessoal veterano do hard rock farofento dos anos 80, Bon Jovi.

Mallu Magalhães é a artista mais jovem a se apresentar nesta edição do Rock In Rio. Seu show é o segundo da tarde e começa às 16:00h no Palco Sunset. Há alguns meses morando em Lisboa com seu marido, Marcelo Camelo, Mallu pretende mesclar o repertório de seus três discos, principalmente o mais recente e interessante, Pitanga, de 2011, com a revisão cuidadosa e acima de qualquer suspeita, perpetrada pela Banda Ouro Negro. Esta é uma formação de cerca de 15 músicos, dirigidos pelos produtores Mario Adnet e Zé Nogueira, que tocam a obra do maestro Moacir Santos, falecido em 2006, responsável por uma verdadeira revolução na música instrumental brasileira ao longo dos anos 60.

Mesmo que Mallu tenha boas intenções de levar sua carreira para flertes com formas mais apuradas de música brasileira, não é possível afirmar se esta parceria vai funcionar efetivamente. A moça tem mostrado maturidade musical mas talvez não esteja pronta para este desafio. Além disso, talvez o palco de um festival de música Pop/Rock, ainda que em sua vertente mais democrática e alternativa, não parece ser o melhor lugar para que um repertório híbrido de números instrumentais complexos e popsongs da carreira de Mallu encontrem coexistência pacífica. O público talvez precise de paciência e circunavegação para compreender as boas intenções.

Ben Harper e Charlie Musselwhite se conhecem há 16 anos, mas só colaboraram musicalmente neste ano. A dupla lançou o bom disco Get Up no início deste ano e deverá convidar a plateia do Palco Sunset, a partir de 19:30h para um passeio pelo universo do Blues. Claro que Harper é um artista jovem e contemporâneo, talvez não seja a figura mais indicada para este tipo de proposta, mas a presença do velho gaitista a seu lado, deverá avalizar a ideia do jovem. As músicas do disco devem fornecer a estrutura do show, mas é provável que a dupla arrisque versões e covers pelo percurso. O resultado obtido em Get Up é mais afeito às canções da estrada, do imaginário americano essencial, bem longe da abordagem inglesa de gente respeitável – mais muito limpinha às vezes – como Eric Clapton e Steve Winwood. Harper e Musselwhite caminham nas lamas barrentas com vontade admirável e podem fazer um endiabrado show de Blues Rock, capaz de pleitear o troféu deste dia 20.

Pouco depois da meia-noite, aquele pessoal de New Jersey subirá ao palco, com Jon Bon Jovi à frente. É o que eles fazem desde a segunda metade dos anos 80, para alegria de muitas e má vontade de uns tantos. O público se divide quando o assunto é Bon Jovi, ainda que alguma avaliação crítica tenha sido refeita ao longo dos anos e o talento de compositores Pop da dupla Bon Jovi/Richie Sambora, tenha sido reconhecido aqui e ali. Por falar no guitarrista, Sambora está afastado da banda por tempo indeterminado, por conta de desavenças sobre valores financeiros. Em seu lugar está o canadense Phil X, que já tocou com gente como Alice Cooper, Rob Zombie e … Kelly Clarkson e Avril Lavigne. A ausência do integrante original deve incomodar alguns fãs mais dedicados, mas não deve atrapalhar o show.

Bon Jovi tem hits suficientes na cartola para um show sob medida para a delícia dos fãs e não se sabe a opção da banda, se faz uma apresentação para divulgar o novo disco, What About Now, lançado neste ano. Se decidir enfileirar hits, o resultado pode beirar o apoteótico, com um show nos melhores moldes do Rock de arena em doses ultralights, contendo prováveis momentos marcantes em You Give Love A Bad Name, It’s My Life, Livin’ On A Prayer e nas baladas sacarinadas como Never Say Goodbye, Always ou Bed Of Roses. Seja qual for a alternativa, o público terá diversão garantida com o Bon Jovi, ninguém poderá negar.

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.