Okkervil River – Heróina, Cultura Pop e uma Discografia Muito Sólida

Com sete discos lançados, incluindo um dos melhores de 2013, “The Silver Gymnasium”, vale a pena conhecer mais da banda texana

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Meu amigo Gabriel Rolim deu a dica e eu sabia que valeria a pena prestar atenção: Eu precisava conhecer Okkervil River. Segundo meu companheiro de Monkeybuzz, seu mais recente álbum, The Silver Gymnasium é sério candidato a entrar em nossas listas de melhores do ano e o pouco que ouvi na época do lançamento indicava mesmo que eu iria gostar. Só que, dái, fui lá dar uma chance para uma banda da qual eu só ouvia falar e – surpresa! – esse disco é o sétimo lançamento da banda.

No meio do processo de cavar a discografia do grupo, imaginei que mais gente passaria pelo mesmo problema. Sendo assim, fica aqui um pequeno guia pra você se familiarizar com a banda e ter ainda mais vontade de conhecer o trabalho da Okkervil River – boa pra quem ouve de Vampire Weekend a Ben Folds Five.

Don’t Fall in Love with Everyone You See (2002)

A banda surgiu em 1998, mas só quatro anos depois conseguiu lançar seu primeiro álbum. Me surpreendeu o quanto o som aqui era Folk, bem de raiz mesmo, honrando suas raízes texanas. Ao longo do disco, os timbres de guitarra (que me lembraram os de God Willing and the Creek Don’t Rise) são acompanhados de banjo, violino e gaita – mais caipira, impossível. Quem gosta de um Folk despretensioso feito em banda vai gostar muito.

Down the River of Golden Dreams (2003)

O segundo trabalho da banda, novamente lançado pelo selo Jagjaguwar, veio em um tom um pouco diferente do primeiro. As influências vão mais para o lado do Pop Alternativo feito com instrumentos (e suas dúvidas sobre as semelhanças com Ben Folds Five, por exemplo, terminam aqui – inclusive no vocal), além de uma aura mais triste desde o título do disco até a vibe do álbum como um todo. Não chega a ser pesado de se ouvir, mas ele tem uma consistência bem diferente do registro anterior.

Black Sheep Boy (2005)

Já na primeira faixa, o vocal sofrido e arrastado revela que este terceiro álbum da banda consegue ir ainda além na infelicidade. Se o anterior era triste, este é, no mínimo, dark – e temas como os problemas com heroína e fins de relacionamento que inspiraram as músicas não poderiam ser tratados de outra forma mesmo. O resultado é um apanhado de canções melancólicas e muito bonitas, como A Radio Song ou A King and Queen.

The Stage Names (2007)

Diferente do que vinha fazendo, Okkervil River decidiu olhar para o mundo ao redor e se inspirar nele, ao invés de mirar o próprio umbigo na hora de compor. A consequência foi este seu quarto álbum, uma grande coleção de referência da Cultura Pop e arte do século 20 – de David Bowie a Marcel Duchamp. Bem mais leve que os trabalhos antecessores, o divertido disco traz uma sonoridade Indie que estava em acensão na época (aquela coisa pós-Arcade Fire) com uma grande liberdade criativa nos timbres e construções.

The Stand Ins (2008)

Originalmente concebido como a segunda parte de The Stage Names, que seria um disco duplo, The Stand Ins foi separado de seu gêmeo-siamês e lançado no ano seguinte como o quinto álbum da banda. Ainda assim, sua capa, quando colocada abaixo da arte do anterior, completa uma só imagem. Com aquela roupagem Folk em uma pegada Indie Rock, este é mais um trabalho da Okkervil River que vale a pena ouvir em um momento que você quer curtir um som bem feito sem comprometer seu emocional.

I Am Very Far (2011)

Enfim chegamos ao agora penúltimo registro do grupo, uma grande ruptura com tudo o que eu acabei de dizer sobre todos eles. I Am Very Far não tem o Folk leve do primeiro, o peso dos segundos ou a agrabilidade dos outros dois últimos. Trata-se de uma obra mais complexa, que me lembra um tanto o que Arcade Fire fez em seu Neon Bible (2007). É um álbum mais “pra dentro”, dá a impressão de que a banda toca em um círculo, um para o outro. Não são músicas para grandes apresentações, como as dos discos anteriores, mas um trabalho para você ouvir com fones de ouvido. Gostando ou não da mudança, precisamos concordar que isso confere uma dinâmica interessante à discografia da banda como um todo – mas vale dizer que é uma obra ótima.

The Silver Gymnasium (2013)

O mais legal de ouvir toda a discografia da Okkervil River e depois escutar esse mais recente álbum é a ideia de como ele parece sintetizar tudo o que o grupo fez até hoje. Como se cada elemento já trabalhado fosse incorporado aqui. Espero que não seja o caso, mas, se acontecer de The Silver Gymnasium vir a ser o último álbum da banda, ficaremos com uma sensação de conclusão que nem toda discografia consegue ter.

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MARCADORES: Discografia

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.