Antídoto à Monotonia com o Primeiro Álbum de Foals

Disco de estreia dos ingleses traz ritmos dançantes ao Math Rock e se torna um dos pilares da nova cena que viria a substituir a New Rave em 2008

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Sabe aquele disco lançado há algum tempo que você carrega sempre com você em iPod, playlist e coração, mas ninguém mais parece falar sobre ele? A equipe Monkeybuzz coleciona álbuns assim e decidiu tirar cada um deles de seu baú pessoal e trazê-los à luz do dia. Toda semana, damos uma dica de obra que pode não ser nova, mas nunca ficará velha.

Foals – Antidotes

Desde muito antes de eu pensar em escrever sobre ou mesmo de me aprofundar na música eu tinha em minha cabeça que discos de estreia eram, geralmente, os melhores de uma banda. Explicando melhor: primeiros álbuns são aqueles em que geralmente as principais características de um artista ainda estão à flor da pele e quase sempre há maior entrega e energia nestas obras, que por mais que apresentem sim muitas falhas, por conta da inexperiência, conseguem superar esses problemas e soar de certa forma mais verdadeiro. É claro que há muitos exemplos que comprovam isso e outros tantos que desmentem categoricamente tudo o que falei até agora, portanto essa é uma teoria furada. Isso é um fato.

Ainda assim, esse é um disco que pode comprovar meus pontos sobre energia e entrega. Nunca mais foram vistos novamente em qualquer obra dessa banda a espontaneidade e “empolgabilidade” que existem aqui. Sim, estou falando de Antidotes, álbum de estreia do Foals.

Esse é um ótimo disco e quanto a isso não há dúvidas, mas até hoje eu ainda acho muito estranho um álbum como este ter dado tão certo. Se você for pensar ele é bem esquisito e muito diferente de muita coisa que começaria a se estabelecer no mainstream ali no começo de 2008. Com um pouco do, sempre tão underground, Math Rock, Yannis Philippakis e companhia verteram ritmos dançantes (Indie Rock e Dance Punk) em sua música e conseguiram a façanha de tornar extremamente divertido um gênero que até então era conhecido simplesmente pelas suas excentricidades.

E esse talvez seja o maior mérito da banda, suprimir as esquisitices de levar ao ouvinte somente a parte mais acessível do estilo. Essa mistura upbeat e agitada de Antidotes trazia sim as quebras rítmicas (assim como os tempos nada usuais tão característicos do Rock matemático) e as técnicas apuradas às guitarras, mas ao mesmo tempo contrabalanceavam a equação com vocais fáceis e ritmos dançantes, por mais que cheios dessas quebras.

Abrindo o álbum e já mostrando muitas destas características, The French Open introduz as batidas sempre mutantes, os agudos timbres das guitarras e os coros de Yannis e companhia, que acompanharam todas as composições do disco e também os metais que esporadicamente dão as caras em algumas das faixas. Sempre animado, o disco cria algumas ótimas sequências, como Cassius e Red Socks Pugie e Electric Bloom e Balloons (um dos melhores singles já produzidos pela banda). Com poucos pontos de parada (Heavy Water e Big Big Love (Fig. 2)), o álbum se mantém em sempre animado, até a derradeira Tron.

E se você já teve contato com alguma das versões bônus deste algum provavelmente deve ter se deparado com Brazil is Here, uma das faixas mais propicias às pistas desta primeira fase do grupo. E talvez a canção que mais deixe explicito o parentesco com gênero dançante que morria enquanto a banda se formava, ainda no ano de 2005, a New Rave.

Com um público inglês carente pelo repentino desaparecimento da New Rave, o ambiente não poderia ser mais propicio para a proliferação da sonoridade proposta pelo Foals em seu primeiro álbum. Hits dançantes como Balloons, Cassius, Red Socks Pugie e Olympic Airways conduziriam as pistas por um bom tempo e não só as inglesas, botando mesmo quem nunca tinha falado ouvir em Math Rock pra sair dançando freneticamente nas baladas espalhadas pelos quatro cantos do mundo.

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ARTISTA: Foals
MARCADORES: Fora de Época

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts