“Frank”: Um Primeiro Contato com Amy

Dez anos após o lançamento, o primeiro álbum da cantora parece nostálgico ao revelar alguém de quem não sabíamos que sentiríamos saudades tão cedo

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Muita maquiagem, principalmente ao redor dos olhos, figurino às vezes exagerado, penteado volumoso e os mais diversos adornos. Se a figura de Amy Winehouse parecia propícia pra alguém que tenta se esconder por trás de tantos sacrifícios, seus versos e interpretação abriam as cortinas da alma para revelar uma moça com muita sinceridade.

E isso desde o começo de sua carreira, como mostra seu álbum de estreia Frank já no título – “franca”, em português. Se para o grande público ficam as lembranças da aparência tão característica da cantora, ou seus problemas com susbtâncias químicas ou alguma atitude fora da curva de sua parte, os fãs tem na memória seu talento, sua música e sua franqueza.

As músicas do disco trazem principalmente os temas de romances mal resolvidos com os quais ela ficou conhecida, todos tratados com uma honestidade que chega a constranger em letras como “Feel like a lady and you my lady boy” (em Stronger than me) para explicar a falta de atitude do namorado, “Baby, you weren’t there and I was thinking of you when I came” (I Heard Love Is Blind) para se justificar em uma traição ou com “He could be your whole life if you got past one night, but that part never goes right” (Fuck Me Pumps) ao atacar as “piriguetes” com quem convivia.

É um pouco de bom humor, uma certa ironia e uma tendência natural a fazer barraco que vem ao lado de um coração, normalmente partido, na mão, olhos marejados e um grande charme para cantar tanto as baladas, quanto as com ritmos mais divertidos que te convidam para dançar. Amy sempre soube fazer o show completo.

Frank também se refere a Frank Sinatra, uma das maiores influências na carreira da cantora. O moço dos olhos azuis, falecido em 1998, pode ter levado uma vida vem diferente de Amy, mas seu legado ensinou a artista sobre carisma na hora das performances e aproveitar a fama para estar sempre bem acompanhado, sem perder o foco de fazer música de qualidade.

Dá pra notar como o álbum foi construído (com ajuda do produtor e amigo Salaam Remi) em torno do talento da moça e de sua musicalidade quase natural. Com seus grandes olhos espiando o passado e uma atitude para o nosso século, Amy brilha fazendo em batidas R&B bem demarcadas ou em referências à música romântica de outrora, com certa influência de Jazz e ritmos latinos (até mesmo Bossa Nova).

Com vários certificados de “disco de ouro” ao redor do globo (incluindo no Brasil), Frank não é nem de longe o melhor trabalho de Amy Winehouse, mas ficou marcado como um primeiro contato que tivemos com a moça. Se ela ainda estivesse viva, provavelmente olharíamos para ele com carinho pelo que representa. Mas hoje, em seu aniversário de dez anos, ouvi-lo é nada menos que francamente nostálgico.

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ARTISTA: Amy Winehouse
MARCADORES: Aniversário

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.