Tão bom quanto reencontrar um disco que você não ouvia há muito tempo é descobrir um álbum que, apesar da qualidade, passou desapercebido por muita gente.A equipe Monkeybuzz decidiu abrir nossa caixa de Achados e Perdidos para trazer, de uma só vez, duas obras do passado que você vai adorar ouvir hoje.
Chillwave
Para inaugurar o Achados e Perdidos, começaremos com um estilo que você já deva conhecer bem: Chillwave. Pois bem, lá em 2010, ano em que houve o primeiro boom de artistas do gênero, três nomes se destacaram, sendo os principais responsáveis por criar todo aquele buzz e por atrair atenção do público para aquela música onírica, Lo-Fi e com grande apelo Pop. Neon Indian, Washed Out e Toro Y Moi formam a tríade mais bem sucedida do estilo e seus lançamentos vieram a definir os caminhos e tendências que a Chillwave seguiria a partir de então.
A escolha do “Achado” foi pensada levando em consideração a importância do registro para o tema. Por mais que Psychic Chasms (2009), disco de estreia do Neon Indian, tenha sido importante no sentido de embasar o que viria depois dentro do gênero, foi Causers Of This, estreia de Toro Y Moi, que ajudou a popularizar o estilo. Chaz Bundick apresentava ali uma versão da Chillwave mais apegada a ritmos dançantes (ainda que delicados e cheios de reverberação) e também bem focados nas letras.
Bundick abusava das sobreposições de camadas e dos efeitos de produção, gerando assim uma viagem imersiva de pouco mais de 30 minutos. Misturando tendências do Dream Pop, Hip Hop, Synthpop e outros tantos gêneros, o resultado se tornou incrivelmente divertido e dançante, como nenhum outro lançamento do gênero foi até ali. Estava pronta fórmula que muitos seguiriam a partir de então, dentro ou fora da Chillwave. Curiosamente, os outros álbuns de Chaz (e uma extensão os álbuns de todos os representantes da cena) seguiriam outras propostas e caminhos bem divergentes destes apresentados em meados de 2010.
Parodia Flare (2011), disco de estreia do projeto do londrino Chris Ward conhecido como Tropics, seguiria para o lado oposto e acabaria destinado a jazer na memorabilia do gênero, sendo assim nosso disco “Perdido” sobre a Chillwave.
Encantador do inicio ao fim, o disco acabou passando despercebido na época de seu lançamento por que de que muitos nomes já consolidados no gênero estavam lançando seus segundos álbuns e consequentemente levando a Chillwave para lugares bem diferentes – uma parada dura para um novato que havia lançado seu primeiro EP quando o estilo já ganhara seus primeiros LPs.
Seguindo no caminho explorado também por Baths em Ceruluan (explorando menos o lado Glitch Pop e Lo-Fi), Ward trazia em seu trabalho melodias interessantes e bem trabalhadas, conseguindo unir a sonoridade típica da Chillwave mais elementos orgânicos, como o saxofone e uma percussão mais rica, além de trazer elementos do Jazz, Funk e Afropop. Tudo isso encoberto com de muita reverberação e efeitos de produção que deixam a obra com aquele aspecto misto entre o sonhador e veraneio. Certamente um dos bons exemplares do gênero, porém esquecido entre os tantos outros.
