Spin Offs: Gente que Rouba a Cena

Músicos coadjuvantes em bandas às vezes viram estrelas de outros projetos, afinal, todos os integrantes tem seus desejos criatvos

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Quando um grupo se reúne para formar uma banda, aos poucos a união vai desenvolvendo suas feições como uma entidade de vida própria que acaba se tornando independentes das vontades individuais dos membros envolvidos no projeto. A linguagem da mesma cresce, um padrão estético amadurece e, assim, infiltra suas características no imaginário das pessoas. Depois de certo tempo, uma banda – e tudo o que seu universo evoca – vai estar acima dos desejos pessoais de seus integrantes.

Por isso, é tão natural o surgimento de projetos paralelos, que muitas vezes refletem o desejo e a necessidade de mudança de ares, ou mesmo a única via de materialização de novas criações que não fariam sentido dentro do contexto anterior.

Mas, além dos “projetos paralelos” que normalmente são guiados pelos próprios fundadores de suas bandas predecessoras, existem também os projetos dos demais integrantes, fazendo surgir assim uma série de ramificações, que, embora estejam ligados à matriz inicial, são como outras facetas que desenvolvem suas características próprias. Este é um fenômeno que, afinal, resolvemos chamar de Spin Offs – termo emprestado do universo das séries de TV, cinema e literatura.

Nos Spin Offs, integrantes que normalmente ocupam o cargo de coadjuvantes em determinados grupos, (longe de serem menos importantes para a sonoridade dos mesmos, mas que de certo modo se mantém afastados da ribalta protagonista) também tem a necessidade de expor seus desejos criativos, concretizando-os no próprio projeto musical. Assim sendo, resolvemos listar, a seguir, alguns projetos paralelos de integrantes coadjuvantes que nos chamaram a atenção recentemente.

Pois vamos a eles:

Diane Coffee

Shaun Fleming é o baterista da ótima Foxygen (e ex-astro mirim dublador da Disney, mas não vem ao caso) e este ano estreou com o ótimo Diane Coffee, ainda sob um influência fortíssima dos amigos compositores, mas com uma produção voltada para o Soul Pop Lo-Fi.

DIIV

Zachary Cole Smith deixou a banda Beach Fossils para fundar seu próprio projeto, DIIV, seguindo a mesma linha do gênero, e passando de colaborador a frontman. As guitarras cheias de reverb com riffs pegajosos do Beach Punk estão aqui também presentes.

Moodoïd

Moodoïd é o projeto de Pablo Padovani, guitarrista da banda de Melody Prochet, Melody’s Echo Chamber. O Rock Psicolédico temperado à World Music foi destaque na nossa seção Ouça e lançou um excelente EP há pouco tempo.

Minor Alps

Minor Alps difere um pouco das outras bandas desta seção, mas não muito. É o projeto de Juliana Hatfield com Matthew Caws. Embora a primeira sempre tenha mantido sua carreira solo, foi como baixista do Lemonheads que seu trabalho ficou amplamente conhecido. Já o segundo, é um dos líderes do Nada Surf. Juntos, bem, surge um trabalho (um Spin Off meio confuso) exatamente dentro do que se poderia prever.

Sebastien Grainger

Sebastien Grainger é baterista e vocalista da barulhenta Death From Above 1979 e lançou neste ano seu trabalho solo, que acabou ficando no meio do caminho. Uma prova de que algumas vezes projetos paralelos acabam escorregando no afã da mudança de ares.

Chris Shiflett And the Dead Peasants

Foo Fighters é uma banda campeã em projetos paralelos. Enquanto o baterista Taylor Hawkins mantém a sua The Coattails, além das constantes fugidas de Dave Grohl (aliás, você lembra de Probot, a banda de Heavy Metal dele? Pois é), Chris Shiflett, o guitarrista lançou neste ano mais um ótimo álbum de Country Contemporâneo ao lado dos Dead Peasants.

Brendan Benson

Embora Benson sempre tenha mantido sua carreira solo com seu Powerpop, acabou sendo convidado por Jack White para integrar The Raconteurs e, depois de Broken Soldiers (2006) e Consolers Of The Lonely (2008), acaba de voltar, neste mês, sozinho com seu You Were Right.

James Iha – Bônus Track

Embora o artigo tenha reunido alguns exemplos de Spin Offs deste ano, me parece que o assunto é muito prolífero e interessante. Para encerrar, um olhar para o passado (e assim, quem sabe, fica aberto o tema para mais artigos similares), com um dos meus álbuns favoritos, Let it Come Down, de James Iha, guitarrista do Smashing Pumpkins.

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Autor:

é músico e escreve sobre arte