2013 em Pauta: Rap

Confira a nossa retrospectiva para um dos gêneros mais criativos e plurais deste ano

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O fim do ano já chegou, assim como a hora de olhar pra trás e reviver um pouco do que de melhor aconteceu em 2013. Isso vale para todos os aspectos de nossa vida e, é claro, vale para a música também. Nesta semana, traremos resumos do que melhor aconteceu dentro dos estilos musicais que mais se destacaram neste ano, apontando os melhores lançamentos, estreantes mais promissores e os fatos que marcaram esse ótimo ano.

Dentre os diversos estilos abordados em 2013, se teve um que realmente ganhou destaque e mostrou-se extremamente plural, ele pode ser nomeado o Hip Hop. Vários lançamentos, tendências aparecendo e artistas disputando o trono do gênero tanto no mainstream como no lado independente foram o composições que dominaram o ano corrente. Sem mais enrolações vamos aos blocos de interesse e o apanhado de músicas e discos que você deve escutar agora como forma de se preparar para o que virá no ano que vem.

Grandes nomes lançando trabalhos

Se o ano passado parecia aberto para que os artistas de escalões “inferiores” mostrassem o seu valor e começassem a ganhar notoriedade em 2013, casos de Frank Ocean e Kendrick Lamar, por exemplo, vemos que o vácuo foi deixado para nomes famosos lançassem interessantes trabalhos. Temos Kanye West com seu disco multifacetado, vanguardista e vencedor de cinco bananas dadas por nós, Jay-Z com um trabalho com a sua cara, ótimos singles e continuando a abraçar o grande público, M.I.A realizando uma obra intensa, rápida, com ares de terceiro mundo e nervosa, extremamente nervosa. Não gostamos tanto do último trabalho do Eminem mas isso não extingue a importância e o papel do rapper nos mais elevados patamares do gênero.Drake desenvolveu o seu melhor disco, envolvente, coeso e extremamente viciante, escute-o e perceberá as grandes candidatas a melhores canções de Hip Hop do ano.

Tyler e sua gangue

Tyler,the Creator é polêmico. Já comeu baratas quis matar o Bruno Mars e foi acusado de homofóbico. Dois anos após o lançamento do excelente Goblin o rapper retornou com Wolf, sua obra mais acessível mas que não perde em nenhum momento a essência do artista. Faixas pesadas, letárgicas, misturam-se as letras confessionais do “criador” e tem uma interessante história por trás, unindo-se em cada ponta e criando um ótimo disco. Se o músico vai muito bem, quem diria a sua trupe, o coletivo OFWGKTA que teve uma chuva de lançamentos em 2013. Tivemos a dupla do The Jet Age of Tomorrow brincando com o Jazz, Vince Staples seguindo a ordem do som iniciado pelo líder do grupo, MellowHype além da grandíssima estreía de Earl Sweatshirt. Tudo bem que o jovem já havia lançado um EP há um tempo atrás mas após a internação em uma instituição de recuperação e algumas participações especias, Doris, foi efetivamente o seu primeiro grande trabalho. Depressivo, hipnótico e viajante, ou seja, tudo o que você precisa para se envolver em batidas minimalistas e cruas, marca principal do Odd Future.

Trabalhos diversos

Se estamos diante de uma grande revisão dos anos 90, ela atende pelo nome de Joey Bada$$. Samples baseados em loops, construções mais antigas e uma atmosfera urbana fazem parte da mais recente mixtape gratuita lançada pelo MC. O tema também pode ser conferido em diversos artistas citados acima. Em contrapartida tivemos rappers lançando trabalhos mais vanguardistas como o caso do A$AP Rocky, a ótima dupla do Run the Jewels com seu Hip Hop feito para clubes, os comerciais Kevin Gates e Freddie Gibs ,o disco temático de um ex-membro do Wu-Tang Clan, Ghostface Killah e vicante álbum do canadense Shad. Não podemos nos esquecer de Danny Brown com Old que possui um dos melhores lados A escutados em 2013.

Estreias.

Já falamos do Earl, A$AP e Run The Jewels mas se tiveram dois atos que merecem o destaque como as melhores estreias do ano, eles atendem pelos nomes de Chance the Rapper e Young Fathers. O primeiro com seu Rap ácido, divertido, irreverente, retomou um lado do gênero que parecia ter se perdido com o fim do Outkast. Seu disco é fundamental para quem quer fugir de batidas densas e procura a combinação de diversão e criatividade. O segundo, um grupo, teve o relançamento de seu primeiro EP logo no ínicio de Janeiro para depois continuar as suas criações multietnicas, percussivas e extremamente melódicas no seu segundo EP. Fique atento a ambos artistas pois certamente o próximo ano irá consolida-los.

Experimentalismo

Também temos espaço para a fuga de princípios usuais e a entrada em experimentações e abordagens distintas para o Hip Hop. O Death Grips, por exemplo, fez uma das obras mais violentas que tivemos a chance de escutar ao criar lançar um som eletrônico, pesado e de difícil compreensão. Ao final vemos que não existem limites dentro do Hip Hop para a inventividade. Jeremiah Jae é mais um artista que brinca com elementos descentralizados e orgânicos do Jazz para criar um disco que poderia muito bem ter sido feito pelo Flying Lotus, este que participa de uma faixa em especial. Sua abordagem é distinta do que estamos acostumados, algo que pode ser revisto em Ka. No trabalho do sério, sisudo e confessional MC vemos um artista ciente de sua realidade difícil, algo que não procura esconder em nenhum momento e acaba criando um trabalho que suga as suas energias dado a sua aura escura. Nenhum dos discos acima é feito para ser facilmente assimilado, no entanto, os bravos que conseguem entendê-lo terão um prato cheio para discutir os caminhos que estilo pode seguir.

Produtores abordando o Hip Hop

Infelizmente a mente por trás do Child of Lov( faleceu mas tivemos a chance de enteder melhor o seu disco,que brinca com diversos elementos do gênero e demonstrava que os caminhos a serem seguidos por ele eram interessantes e extremamente abertos. Infelizmente não poderemos ter mais a chance de saber qual será o seu rumo no final. Ryan Hemsworth é outra artista que se utiliza de batidas do Hip Hop e acabou criando texturas sonoras distintas em seu disco de estreia. Shlomo dispensa comentários e seu curtíssimo EP só nos deixou com água na boca e ouvidos aguçados para os futuros empreendimentos desse talentoso produtor.

Brasil, a conquista

Você se deparou que as batidas de Funk que escutamos nos transportes públicos, um ritmo elétrico e enérgico, está sendo tomada por um BPM mais lento, ritmado? Essa mudança de tom atende pelo nome de Hip Hop e notamos muito bem o crescimento do gênero nas rádios e em qualquer grande veículo de comunicação. Emicida lançou o seu primeiro disco após ótimas mixtapes e mostrou que a produção artística nacional não fica devendo em nenhum ponto para os rappers gringos. Abrangendo a MPB e seguindo os passos de seu amigo, Criolo, o jovem rapper ficou tão grande que até abriu o sorteio da Copa do Mundo! Nada mais justo para o dono de um dos melhores discos do estilo, considerando esferas nacionais e internacionais. Rashid é outro que está ganhando cada vez mais espaço e fez um interessante disco. Karol Conka é toque feminino e Pop que precisávamos, criando logo de início uma obra que agrada os ouvidos logo de cara.

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Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.