Improvisação e Fanfarras com Gestos Sonoros e Fines Pôlettes

O dia 22 de abril poderia ter sido um domingo qualquer, não fosse a festa no Teatro Oficina causada pelo grupo brasileiro de percussão e a big band francesa (foto)

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Domingo retrasado (22 de abril) poderia ter passado desapercebido se não fosse pelo show que tive a oportunidade de assistir, no Teatro Oficina Uzyna Uzona, do grupo Gestos Sonoros e da big band francesa Fines Pôlettes, que estava de passagem por São Paulo depois de uma turnê pelo Rio de Janeiro gravando fanfarras do mundo para seu novo disco, Fines Pôlettes – Corcorico.

A noite no Teatro Oficina começou em alto astral com o grupo de improvisação Gestos Sonoros regido por Bruno Duarte, fundador e idealizador do projeto composto por onze músicos que se dividem entre as percussões típicas da cultura latino-americana e um trio composto por guitarra, baixo e sopros tocando temas que mesclam afrobeat com ritmos populares brasileiros. Inspirado no trabalho do músico argentino Santiago Vasquez (criador do grupo La Bomba de Tiempo), a improvisação conduzida por Bruno gera interações de muita energia entre os músicos,criando uma atmosfera propícia à criação coletiva com a plateia, inclusive. Em clima muito dançante, o grupo explora ritmos sem limites, levando o público quase ao estado de transe com solos e improvisações de tirar o fôlego.

Após o show do grupo anfitrião da noite, a festa começou a esquentar em clima de jam session com os convidados especiais vindos diretamente da França, a big band de fanfarras formada em 2001 na Escola Nacional de Artes Decorativas de Paris, a Fines Polettês, ou a “Orchestre National de Graoulie” para os mais íntimos. Inspirados por diversos gêneros, o grupo reuniu tradições musicais distintas na ilha imaginária de Graoulie onde se mesclam estilos musicais do mundo todo. Em tom nostálgico, o som do grupo traduz a alegria contagiante e a melancolia das origens perdidas. O resultado é uma polifonia sonora causando atos involuntários impossiveis de se controlar: passando pelos embalos do reggae nos pés, levadas sensuais de salsa nos braços até à psicodelia do rock e das melodias orientais nas composições, o grupo propõe entregar-se totalmente e cair na gandaia sem hora para acabar!

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Autor:

Antropólogo batuqueiro. Dependendo do contexto, toca de tudo um pouco ou nada de muito.