“Rated R”: A salvação roqueira dos anos 2000

Segundo disco do Queens of The Stone Age foi um dos principais responsáveis por trazer o Rock de volta ao mainstream

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Sabe aquele disco lançado há algum tempo que você carrega sempre com você em iPod, playlist e coração, mas ninguém mais parece falar sobre ele? A equipe Monkeybuzzcoleciona álbuns assim e decidiu tirar cada um deles de seu baú pessoal e trazê-los à luz do dia. Toda semana, damos uma dica de obra que pode não ser nova, mas nunca ficará velha.

Queens Of The Stone Age – Rated R (2000)

A virada de século foi um período não muito bom para o nosso bom e velho Rock & Roll. A década de 90 havia sido dominada pelas boy e girl bands (e outros tantos estilos do Pop), pelo Gangsta Rap – que, depois de matar muita gente, se tornou um fenômeno (e o Rap como um todo andava em alta na época)- e a música Eletrônica, que continuava a caminhar a largos passos. Com tudo isso acontecendo, o Rock foi deixado de lado ou pelo menos seus representantes no mainstream não eram, digamos, os melhores exemplares do estilo e, consequentemente, muitos alardeavam que ele estava por morrer. E não foi à toa que, de 2001 pra frente, tudo que é banda roqueira (e que trazia de volta a urgência e pungência ao gênero) foi apelidada como “salvação do Rock”.

Rated R, segundo disco de Queens of The Stone Age, veio antes dessa época de “salvações” e trouxe de volta um pouco daquilo que veríamos dali a um ou dois anos com a explosão do Indie Rock, não exatamente a parte “Indie”, mas a parte realmente “Rock”.

Josh Homme, líder e cara (para não dizer “o cara”) da banda, havia feito seu estrago no começo dos anos 90 com o seminal Kyuss e de certa forma fundando um gênero todo. Sim, a responsabilidade pelo Stoner Rock existir pesa muito nas costas de Homme e muito do que se ouviu no debut autointitulado de Queens of The Stone Age (1998) ainda seguia a mesma vibe suja, arruaceira, agressiva, etílica e de certa forma grosseira de sua ex-banda. Ainda assim, este é um disco sexy, obscuro, melódico e extremamente fácil aos ouvidos – predicados mantidos por toda a carreira da banda e que cresceram exponencialmente em Rated R.

Esse é um disco regado por muitas drogas, testosterona, sexo, humor negro e Psicodelia envolta por guitarras distorcidas, uma sessão rítmica potente e estrondosa, e muito volume vindo de todos os lugares. Não à toa, Feel Good Hit Of The Summer é a faixa que abre a obra. O “mantra” “Nicotine, Valium, Vicodin, marijuana, Ecstasy and alcohol/ C-c-c-c-cocaine” é repetido por toda a música, algumas vezes aos berros, enquanto os instrumentos geram um fundo propício ao coquetel de drogas que Homme listou estar em seu sangue após um fim de semana de festa.

Mesmo mantendo a mesma vibe roqueira em todo álbum, ele segue de forma bem eclética por suas onze faixas. Um disco como esses usar uma variedade de metais (saxofones, trompetes e trombones) e diferentes instrumentos de percussão (marimba, xilofone, congas) é algo realmente impressionante, seja naquela época ou mesmo nos dias de hoje.

Tudo se traduz em faixas algumas vezes pegajosas (The Lost Art of Keeping a Secret), algumas vezes hipnóticas (na tríade Leg Of Lamb, Auto Pilot e Better Living Through Chemistry), algumas vezes agressivas (Quick And To The Pointless e Lightining Song) e algumas vezes melancólicas (In The Fade, faixas com os vocais de Mark Lanegan). Músicas que levam muitos passos adiante o que Homme e companhia criaram em seu primeiro álbum e o legado que Kyuss deixou na década anterior.

O lançamento de Rated R foi um dos principais responsáveis por trazer de volta o Rock ao mainstream e foi saldado como um dos maiores lançamentos da época e posteriormente incluído em algumas listas de melhores álbuns da década. Sem dúvida alguma, esse foi um álbum necessário no começo dos anos 2000, para possibilitar que a inundação de “salvações do Rock & Roll” aparecessem e que o estilo e o Indie Rock se consolidassem mais tarde no mainstream.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts