Juju & Jordash: Da Despretensão ao Perfeccionismo

Dupla israelense, atração do Dekmantel Festival SP, conta sobre seu processo criativo

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Ao procurar uma foto que ilustre a entrevista que Juju & Jordash deu ao Monkeybuzz, veio uma das confirmações de seu renome (e um dos assuntos da conversa): O quanto a dupla é famosa por fazer música Eletrônica de forma principalmente analógica – vide os teclados na imagem acima.

Com isso, eis uma riqueza musical em timbragem e ambiência que nem sempre encontramos neste tipo de som e nos computadores com os quais a maior parte dos produtores trabalha quase que unicamente.

Essa é apenas uma das qualidades que o duo israelense ostenta e que os leva a lugares como o Dekmantel Festival São Paulo. Você perceberá as outras ao longo da entrevista.

Monkeybuzz: Vocês já estão nessa carreira há mais de uma década. De que maneiras a maturidade e a experiência mudaram a forma com que vocês trabalham?
Juju: Acho que nos tornamos mais confiantes com o tempo, talvez saibamos mais o que queremos ouvir como conseguir que as máquinas nos deem esse som mais rapidamente. Tocar tanto no palco, especialmente, aumentou nossa habilidade de confiar na improvisação.

Mb: E como vocês veem as mudanças na indústria nos últimos dez ou doze anos? Juju: Não sei quanto mudou realmente, além de que tudo agora é mais visível, acessível e propagado nas redes sociais. Talvez tudo seja hoje mais misterioso que no passado, para o bem ou para o mal.

Mb: Vocês moram hoje em Amsterdam. Como vocês explicariam a cidade para alguém de fora? Jordash: Amsterdam é uma cidade pequena, bonita e bastante despretensiosa. Longe de algumas áreas turísticas, a cidade é bem calma, o lugar perfeito para focarmos na música.

Mb: Como é seu processo criativo?
Jordash: Eu e Juju nos encontramos no estúdio, escolhemos os instrumentos, synths, drum machines e efeitos que queremos tocar naquele dia, ligamos tudo e começamos uma jam, seja com uma ideia, um conceito, um tema musical ou apenas tocando livremente com ou sem um beat. Gravamos tudo em várias pistas no computador e editamos, mixamos, produzimos, fazermos over dubs etc., tudo depois. No fim das contas, é um processo longo e meticuloso que no início era bastante livre.

Mb: Essa é uma questão que sempre colocam na roda com vocês, mas também queremos saber: Como foi a escolha de fazer música Eletrônica hoje tendo principalmente equipamentos analógicos? Juju: Sim, nós preferimos trabalhar com equipamentos “fora da caixa”, porque o som é ótimo e é um processo mais artesanal do que um software em um computador. É um trabalho que, para nós, flui de maneira muito mais intuitiva e divertida, e também com uma sonoridade mais gostosa e única, vinda de fontes diferentes.

Mb: Como é o processo de levar as produções feitas no estúdio para o formato ao vivo? Juju: Embora usemos métodos parecidos no palco e no estúdio, nosso show é todo improvisado, o que quer dizer que cada performance nossa traz um material único para aquela noite, com a liberdade de adaptar a música para a vibe do público, sistema de som e circunstâncias. Mais para frente neste ano, planejamos fazer shows especiais baseados mais em nosso próximo álbum, que incluirão mais jams dos temas do registro.

Mb: Vocês vem de um background de Jazz. Para vocês, qual a principal diferença do som que fazem agora para o que faziam no passado? Juju: Agora, fazemos as pessoas dançar.

Mb: Imagino que as pessoas sempre tentem classificar demais o som de vocês, o que pode ser às vezes frustrante, às vezes engraçado. Como vocês lidam com isso?
Jordash: Acho que entendo a tendência de categorizar a música em caixinhas pequenas para que ela fique mais acessível para as pessoas. Mas começamos a nos preocupar quando nos encaixamos nas caixinhas facilmente.

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.