A Hora e a Vez de Maria Rita Stumpf

Cantora revela que há outros “cânticos” e fala sobre “redescoberta” internacional

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Fotos: Júlio César Saraiva

Graças a sanha de colecionadores de vinis, Cântico Brasileiro No 3 (Kamaiurá) ganhou espaço em remixes e releituras pelo mundo afora. Ou foi o contrário, por causa dos remixes os vinis se tornaram objeto de desejo? Um pouco de cada ideia talvez ajude a responder. É difícil elaborar alguma teoria sobre o fenômeno que fez a música ser executada cada vez mais em sets há mais de um ano.

Existe uma certeza: os vocais de Maria Rita Stumpf hipnotizam pelo timbre impecável, em letras redigidas com a força de quem canta versos nos quais acredita. Gaúcha nascida na linda região de Aparados da Serra, é jornalista, foi repórter e trabalhou como assessora na extinta Continental. Tem no currículo de produtora musical, caras do quilate de Tim Maia e Luís Melodia. Curiosamente, foi assessora de imprensa das comitivas indígenas durante a Eco-92 (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento). Nas composições, há forte influência das culturas indígenas e africanas.

Escalada para se apresentar no palco Gop Tun do Dekmantel Festival no sábado (3 de março), ela exibe um disco original de Brasileira (1988), um dos apenas dois que lhe sobraram em mãos. Por conta da alta procura, são raridades, que aumentam de preço espantosamente. Ela soube de aficcionados por vinis que estavam pagando por volta de 800 euros por um original.

Mas nada disso pegou Maria Rita Stumpf de surpresa. “Uma amiga astróloga tinha visto no meu mapa. Eu estava em outro tempo, muito à frente da minha época. Seria compreendida anos depois”, relata em off a cantora de forma certeira à reportagem do Monkeybuzz. Na conversa, revelou que existem versões de cânticos inéditos. E contou mais sobre como foi produzida a parte visual, capitaneada por Marco Antônio de Toledo. Seu filho Mateus, com seis anos na época, foi quem desenhou as borboletas da arte da contracapa. Sobre a edição do Dekmantel em São Paulo, ela prometeu surpreender os fãs. Os músicos Ricardo Bordini, Paulo Santos (Uakti), Danilo Andrade, Diogo Strausz e Jovi Joviano estarão com ela no show, previsto para às 17h.

O LP foi relançado na íntegra através do selo Selva Discos, capitaneado pela dupla Selvagem, formada por Augusto Olivani e Millos Kaiser, em parceria com a Optimo Music. Em breve, será lançado um videodocumentário da Selva Discos, no qual Maria Rita Stumpf deve fazer viajar narrando com jeitão de causo as aventuras musicais que envolvem o álbum. Imperdível para fãs e colecionadores, pois serão exibidos materiais inéditos de registro histórico da carreira da artista.

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