A Hora e A Vez de Boogarins

Participação no Lollapalooza Brasil promete impulsionar som dos goianos para outros cantos do país

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28 de março | 13h-13h45 | Palco Axe

Talvez você ainda não tenha visto os goianos do grupo Boogarins, ao vivo. Não tem problema, pois, de uma forma ou de outra, a sua imagem e som reverberá por todo o país após a sua participação no Lollapalooza Brasil de 2015. Duvida? Com a transmissão televisiva que vem acompanhando todas as edições do festival desde o começo e que permite que, mesmo do sofá de casa, você possa ver e ouvir quem está tocando, nada parece ficar invisível no evento. E podemos ter certeza que um de seus destaques aparecerá logo cedo.

Chega a ser difícil falar de Boogarins sem se referir à sua explosão estratosférica internacional de 2014. Com cerca de 101 concertos realizados no exterior, o grupo esteve presente em diversos cantos do hemisfério norte e sul que bebem e vivem música. De Nova York a Lisboa, de Londres a Austin, de Goiânia a Santiago do Chile, nenhum lugar parece ter saído imune à potência sonora idealizada por Benke Ferraz e Dinho Almeida, os impulsionadores da nova Psicodelia brasileira.

Posso lhes dizer com sinceridade que pude acompanhar de perto a evolução do grupo, ao longo de diversos momentos importantes dela. Primeiro, no silencioso Auditório do Ibirapuera em São Paulo, que tampouco se manteve calado durante a chuva de delays, reverbs, guitarradas e groove feitas também em conjunto com Raphael Vaz e Hans Castro. “Alta” e “encaixada” eram duas boas definições sobre a apresentação, mostrando um grande domínio do quarteto em suas composições e buscando a perfeição de timbres escutados em seu disco As Plantas Que Curam. Posteriormente, o segundo encontro revelaria que a turnê internacional que se iniciou após a apresentação na capital paulista mudaria tudo.

Tocar constantemente é importante para manter a engrenagem girando e também fazer com que os músicos consigam sobreviver, no entanto é na troca de experiências que o conhecimento vai sendo adquirido, moldado e que a evolução aparece. Abrir para nomes como Of Montreal, Jacco Gardner e Guided By Voices, entre outros, além de poder participar de festivais pelo mundo com diversos nomes gigantescos trouxe a visão ao quarteto de que o som deles poderia ser ainda maior do que já era. Saiu a facilidade e o lugar comum para entrar o improviso, levando Boogarins a extravasar a sua musicalidade e suas composições, tornando-as únicas ao vivo.

Em Barcelona, pudemos ver tudo isso ao vivo enquanto observávamos gringos pirando no concerto dos goianos, sentido que aquilo era o Rock Psicodélico de verdade: groove e melodias brasileiras auxiliadas por levadas de guitarra lisérgicas com muita atitudde de palco de seus integrantes. Posteriormente, com a entrada de Ynaiã Benthroldo, o nível subiu ainda mais, trazendo a verdadeira percussão brasileira misturada a psicodelia .No Brasil em sua volta, no Chile e depois deixando Kevin Parker (Tame Impala) boquiaberto no Popload Festival, todos parecem ter a certeza que o lugar de revelação foi deixado no passado para, na verdade, se tornar uma grande e jovem banda com os pés nos quatro cantos do mundo.

O Lollapalooza é provavelmente o show que vai potencializar o que muitos já sabem: Boogarins é sim uma das maiores realidades da nossa música brasileira não só em qualidade sonora, mas de apelo para uma juventude como um todo. Se o Rock Psicodélico está em evidência e todos estão atentos à cena australiana do gênero, que tal olhar para o seu próprio país e perceber que podemos ver aqui mesmo novas bandas abraçando o estilo e fazendo bonito? Diante de um público grande em um dos maiores festivais do Brasil e ao lado de outros nomes gigantescos, os goianos prometem não só incendiar o início do evento, mas também sair com um monte de fãs.

Se você já viu Boogarins ao vivo, saiba que o seu esperado segundo disco gravado na Espanha já tem várias músicas sendo tocadas em suas apresentações – material ainda inédito ao grande público e que só pode ser experimentado ao vivo por enquanto. E, por experiência própria, um show deles nunca é o bastante, logo, não deixe de chegar cedo e pra pirar no primeiros contatos com a música do Lollapalooza Brasil.

Lolla

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Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.