DJ Snake É a Maior Decepção Do Palco Perry

Francês se perde, peca na identidade, não constroi história e decepciona fãs no primeiro dia de festival

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Fotos: Lollapalooza Brasil

E-Cologyk e Jakko tinham acabado de sair da cabine. Tinham movimentado a tenda Eletrônica com os maiores hits de EDM do ano, fecharam com Tremor, inclusive. A expectativa era que, a partir das 16h45, com a entrada do francês, o cenário mudasse: saíssem com compassos marcados do Electro House e viessem as famosas “quebradinhas”, os drops em Bass e Trap que DJ Snake faz tão bem. Entretando, a impressão que deu, é que William Grigahcine tinha acordado com pé esquerdo naquele sábado.

A caixa de som estava bastante chiada, comprometendo boa parte do início da apresentação do DJ. A ida do roadie até o equipamento do artista confirmou a hipótese de que o problema técnico era no cabeamento do próprio Snake. Mas as caixas eram só um prelúdio para o resto. O DJ fez um set quase que 100% dentro do Electro House empurrando guela abaixo um som agressivamente desnecessário. Gringahcine tem anos de produção, é altamente respeitado entre artistas, já trabalhou em vários álbuns e EPs, tem sua marca. Porém, ele foi dono do set de menor identidade musical do Palco Perry.

Não era possível enxergar uma história, perceber de onde nem para onde Snake estava indo. Começou na marcação pesada sem nem se preocupar com um possível aquecimento e, se antes essa porrada fosse de qualidade – como Aoki fez muito bem, por exemplo, – mas se perdeu em meio a progressões prolongadas demais e drops repetitivos. A impressão que se tinha era que Snake não estava muito preocupado com o dinamismo da pista e então se quebrava toda hora o ritmo com barulhos sem necessidade algum.

Em poucas doses, o Bass tinha espaço em seu set levantando o público por completo, mas, sem nem tempo de conseguir aproveitar, já retomava o Electro House. Ele caminhava tão desenfreado em lugares desconhecidos que, quando soltou chamada para o drop de Turn Down For What, pegou todo mundo de surpresa. Conseguiu, então, ver sorrisos, pessoas dançando, ficou confortável, tirou o blusão de frio, fez a chamada de Get Low e chamou uma dupla brasileira para o palco: Tropkillaz e seu mestre de pista Cachorro Magro subiram e, de forma tímida, coloriram de verde e amarelo o palco – que ilustrava a bandeira do Brasil. O nome da música ajudou na brincadeira: os presentes se abaixaram e, no comando de Snake, todos levantaram de uma só vez. Ponto mais alto do show.

A presença de Zegon e Laudz ficou confusa até o ponto em que poucos entenderam a relevância dos dois ali, mas, de qualquer forma, perceber que já estão na cola de Diplo e que serve de apresentação de mais um projeto que marcará presença na Tomorrowland Brasil em maio parecem justificativas bem plausíveis. Entretanto, quando se precisa de outros para que sua performance funcione não é um bom sinal. E como um ato de primeiro viajante, tentando forçar a barra pra ser amigo e agradar, William ainda fechou seu set com o hino nacional. Fórmula perfeita para muitos insatisfeitos usarem disso pra fazer um protesto político saindo da tenda.

Diante de um repertório fraco e queimando muitas músicas de artistas que tocariam logo depois dele, como Dillon Francis e Major Lazer, não parece um artista com tantos anos de casa como, de fato, tem. Pareceu um novato que ainda não tem identidade musical, que erra passagens, não entende de técnica de som, não importa para feeling de pista e ainda tem cara marrenta. Exatamente esse foi DJ Snake.

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Publicitário que não sabe o que consome mais: música, jornalismo ou Burger King