Kasabian: Oito Anos é Muito Tempo

Grupo britânico retorna ao país após longo hiato e faz um dos melhores shows do Lollapalooza Brasil 2015

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Fotos: Reinaldo Canato

Na primeira edição do Festival Planeta Terra, em 2007, um dos headliners do evento era Kasabian, grupo britânico que havia lançado no ano anterior o seu segundo disco, Empire. Entretanto, a banda nunca mais retornou ao país depois desta apresentação, a não ser para essa edição do Lollapalooza Brasil 2015 e seus side-shows (com apresentações em Porto Alegre antes de desembarcar em São Paulo). Oito anos pareceram uma espera incansável a um público viselmente fã e empolgado com a apresentação do fim da tarde de sábado.

Podemos dizer que essa ansiedade tem mais um ingrediente: em 2012, no mesmo festival que trouxe a banda pela primeira vez ao país, tivemos uma apresentação cancelada e, consequentemente, uma saudade não interrompida que só foi crescendo com o tempo. Como show, Kasabian fez um dos melhores concertos de todo o festival, capturando um público que já conhecia o som da banda e outro que parecia (re)descobri-lo naquele momento. Misturando as melhores referências da música britânica – o Indie Rock e os elementos eletrônicos do Acid House -, o grupo sabe fazer um som contemporâneo e cativante como poucos, se mostrando um verdadeiro produto do Rock misturado as Raves da Ilha da Rainha. Logo, ao vivo, não poderíamos esperar mais nada do que uma verdadeira festa roqueira.

Enquanto o vocalista Tom Meighan ostentava um ar britânico confiante com seu terno e cara de poucos amigos, o público presente dava ainda mais abertura para que fosse dominado ao se empolgar e pular a cada música tocada. Era o grito guardado na garganta transformado em festa, e, para que isso acontecesse, o grupo trouxe versões diferentes e trabalhadas de seus maiores hits. Fire se tornou mais enxuta e sem tanto suspense, virando uma verdadeira balada, enquanto Club Foot, um dos maiores sucessos da carreira do grupo, fizeram o palco Onix tremer. Esse, que foi o primeiro single do Kasabian, coloca em evidência que o som criado pela banda em 2004 é cada vez mais atual diante de uma juventude que adepta da música Eletrônica.

Faixas de seu último disco, 48:13, soam muito melhores ao vivo e mostram que o grupo se aproxima com força de baladas e singles mais acessíveis, mas com performances explosivas: eez-eh, treat e stevie fluíram muito bem e surpreenderam. No entanto, são nos grandes e inúmeros sucessos que o palco parecia se incendiar: Shoot The Runner, Underdog, Vlad The Impaler, Empire e Days Are Forgotten ecoavam pela arena, que recebeu um grande público que provavelmente via o grupo pela primeira vez. Era normal ver pessoas pulando empolgadas e reconhecendo músicas que pareciam esquecidas, inexploradas e perdidas na memória. Com uma plateia tão fiel e concentrada, todo ar confiante do vocalista e festivo da banda pareciam fazer ainda mais sentido, e poucas vezes no Lollapalooza eu tive a oportunidade de ver tamanha devoção a uma apresentação.

Se hoje a mistura de Indie Rock com música Eletrônica parece batida e nem tão inédita assim, ela se deve a Kasabian, que obviamente soube lapidar muito bem as suas inspirações na música britânica a partir de nomes como Stone Roses, Oasis, Primal Scream e Pulp. Logo, o cover de Fatboy Slim com Praise You seria a união de influências com um verdadeiro agradecimento aos fãs que esperaram tanto tempo para revê-los. Last Souls Forever, ao final, seria só mais um agrado certeiro para fazer todos pularem no melhor momento de toda a apresentação. Se um dos grandes embates do sábado do Lollapalooza se deu entre Kasabian e St. Vincent, podemos dizer que quem escolheu o show festeiro e roqueiro do britânicos com certeza não se arrependeu.

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Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.