Shows animados marcaram a tarde do primeiro dia de Lollapalooza Brasil 2017

Apresentações de BaianaSystem e Cage The Elephant roubaram a cena no sábado

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Fotos: Facebook oficial do evento

BaianaSystem

O começo de tarde na primeiro dia de Lollapalooza Brasil me lembrou um pouco o carnaval, que acontecera há pouco menos de um mês: Animação estampada no rosto de muitos, glitter na cara de outros e sorrisos abertos por onde é quer que se olhava. O grupo soteropolitano BaianaSystem veio para coroar este momento de bastante felicidade com um show animado, abrangente e democrático.

Esse clima de carnaval, de uma festa a céu aberto com músicas de diferentes estilos rolando por toda a cidade, ficou ainda mais palpável quando víamos o grupo em cima do palco criando um sincretismo de ritmos como Samba, Rap, Raggae, Axé e Dub. Essa mistura não parava por aí; a banda em si era um misto de instrumentistas empunhando baixo, guitarra, guitarra baiana e diferentes elementos de percussão com dois DJs, que traziam os elementos extras à apresentação.

Guidos por hits de seu segundo e mais dançante álbum, Duas Cidades (como Lucro: Descomprimindo, Playsom e Duas Cidades, este último com participação de B Negão), o grupo colocou até mesmo aqueles fãs mais orientados ao Punk (com camisetas do Rancid) para mexer os pés fora de uma roda de mosh. Já naquele show (o primeiro que vi nesse dia) ficou a impressão de estar presenciando uma das melhores apresentações desta edição do festival – sensação que se manteve durante os dois dias.

Glass Animals

Frio. Esse talvez seria o melhor adjetivo para colocar no show do grupo inglês – para não dizer que ele foi extremamente chato. Claro que fãs vão discordar de mim e dizer que foi ótimo. Vi vários deles ficando até o fim, cantando e dançado ao som de cada música que a banda apresentava, porém o alto número de desistências durante a apresentação só reforçava a ideia na minha cabeça de que ir aproveitar qualquer outra coisa no festival seria melhor estar ali.

Dono de uma performance fraca (por mais que os músicos parecessem estar realmente animados de estar ali), o grupo não animou nem com seus hits vindos de seu último lançamento (o até que interessante álbum Be a Human Being (2016)). No fim, parecia uma versão chocha de Alt-J em uma apresentação que pouco tinha a mostrar a não ser o quase carismático vocalista Dave Bayley pulando pelo palco.

Cage The Elephant

Essa é a terceira vez que o quarteto norte-americano se apresenta no festival e a terceira vez que escolho vê-los. Nesses três shows uma coisa é inegável: o grupo tem uma energia no palco que é difícil encontrar em outras atrações. E, desta vez, com um álbum mais maduro como espinha dorsal, o Tell Me, I’m Pretty, o desafio (tirado de letra) foi adaptar algumas músicas não tão agitadas naquele esquema errático e fora de controle de sempre.

Não só as novas músicas funcionaram bem ao vivo como faziam um contraste evidente com os hits retirados dos primeiros álbuns da banda (como Ain’t No Rest for The Wicked e Shake Me Down). Mesmo muito diferentes, elas se encaixavam muito bem e construíram um set poderoso e que conseguiu o feito de lotar um palco às vezes difícil de encher até por atrações que tocam pouco antes dos headliners. O recorde de público no sábado pode até ter ajudado a lotação em um horário não tão nobre, mas tanta gente saber acompanhar as letras (até as novas) me diz que muita gente queria estar ali para curtir o show.

Outro ponto interessante na apresentação foi ver que os novos hits (como Cry Baby e Mess Around) se tornaram muito mais fortes ao vivo que alguns antigos hits. Não apelando para a nostalgia, como algumas bandas fizeram em seus shows durante o festival, o quarteto empolgou, e muito, os presentes. Não duvido nada que a banda volte para um quarto show em um futuro próximo. Com certeza estarei lá.

Tegan and Sara

Depois de quase duas décadas de carreira finalmente o público brasileiro pôde ver a dupla canadense Tegan and Sara, que não deixou nada a desejar em sua uma hora de apresentação. O animado show contou com destaques como Back in Your Head, Living Room, Drove me Wild e 19, além da faixa U-Turn cantada em homenagem ao cantor George Michael (momento em que o grupo levantou a bandeira de igualdade LGBT).

“Estamos muito felizes de estar no Brasil. É nossa primeira vez aqui! Estávamos nervosas, torcendo para pelo que menos uma pessoa aparecesse no show e isso já seria bom. E assim… está excelente! Queríamos vir para a América da Sul há muito tempo, especialmente para cá”, comentou o grupo, que parecia muito a vontade, durante uma de suas pausas entre as faixas.

Criolo

Depois de uma entrevista que causou certa polêmica dias antes de sua segunda apresentação no Lollapalooza Brasil, o rapper Criolo (único brasileiro escalado em horário de destaque nesta edição) veio com um discurso de paz e união. Entre uma música e outra, o artista conversava com o público sobre temas como política (com o público puxando um coro de “Fora Temer”) e questões raciais, parte do show em que DJ Dan Dan tomou o microfone falou sobre machismo, homofobia e racismo (“Toda mulher que você mexer é um ato de violência”, disse o músico).

A música veio com mensagens igualmente edificantes, tocando em temas como estes ou de como realmente é a vida na periferia. Essas faixas saiam não mais de uma banda que acompanhava o músico, mas de um DJ que comandava as batidas para as rimas de Criolo e Dan Dan. Se apegando ao passado, principalmente por estar em meio a turnê de relançamento de seu primeiro álbum (Ainda Há Tempo), seguir a tradição do Rap foi uma escolha bastante acertada.

Quem já viu um show do rapper sabe bem o que esperar e desta vez não foi diferente. A apresentação performática, as mensagens entre as faixas, os hits potentes e um controle sobre o público; tudo estava lá. Com uma boa escolha de músicas, dando espaço para este disco que completa 10 anos e para seus sucessos mais novos (como Grajauex e Subirusdoistiozin), o show, apesar de não tão lotado quando poderia, foi também um dos pontos altos do primeiro dia de festival.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts