Wiz Khalifa: Fumaça e Espírito Jovem

Rapper chega ao Lollapalooza Brasil com status de “headliner”

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Não restam dúvidas que a fumaça vai subir no Lollapalooza Brasil 2018 quando Wiz Khalifa subir no encerramento do palco Axe no domingo, 25 de Março. Herdeiro cannabico de Snoop Dogg – com quem, inclusive, já trocou várias participações ao longo de sua carreira -, o rapper norte-americano tem forte relação com a maconha, elemento indissociável de suas composições e letras.

No começo da década de 2010, quando Khalifa começou a alçar os primeiros grandes sucessos de sua carreira, a erva medicinal ainda não havia sido descriminalizada para uso recreativo em alguns estados EUA. Rolling Papers (2011), seu primeiro disco, não escondia a sua vontade em divulgar seu amor e afeição por maconha em uma capa esfumaçada e verde. Longe do ineditismo temático no Hip Hop, Wiz surgiu também como uma nova voz jovem no gênero.

Suas músicas traziam elementos mais contemporâneos, próximos do EDM e do Dubstep populares na época – tal combinação foi o coquetel certeiro para que o rapper explodisse. Black And Yellow se tornou um hino para a juventude norte-americana, assim como o seu maior sucesso, Young, Wild & Free, feito com Snoop Dogg e Bruno Mars. Assim como não conseguimos dissociar a erva de sua música, tampouco conseguimos o espírito livre, jovem e selvagem do título de seu hit. Despreocupado, é o tipo de show que proporciona boas energias e muitos sorrisos no rosto.

Espere por hits vindos de seu segundo trabalho mais bem sucedido, Blacc Hollywood (2014), como We Dem Boys, So High e Ass Drop. Concentrado no Trap, que na época despontava como o subgênero com maior crescimento dentro do Hip Hop, o disco o manteve no auge e relevante. Khalifa é também conhecido por participar de diversas trilhas sonoras de filmes, como Velozes e Furiosos, Tartarugas Ninja e Esquadrão SuicidaSucker for Pain, desse último, é uma faixa que ele fez com Imagine Dragons, banda também presente no festival. Será que teremos alguma participação especial durante o Lollapalooza?

A relação entre Wiz e o cinema só prova o quanto sua voz se tornou figura carimbada dentro da música Pop – seu direcionamento em composições mais populares e voltadas ao público mais jovem mostram que a escolha se deu no caminho certo. E se em muitos lugares a maconha continua como uma substância ilegal, a escolha por Khalifa expor seu uso abertamente só contribuiu para que novas perspectivas pudessem ser analisadas em relação à sua contínua descriminalização nos EUA, algo já revisto em alguns estados no âmbito recreativo.

Voltando à música, o público pode esperar também por um repertório repleto de canções de seu último e bom disco, Laugh Now, Fly Later, trabalho que consolidou sua produção no Trap em faixas como a ótima Letterman, Plane 4 U ou Global Access, mas também abriu seu leque para o passado da música negra e do Hip Hop dos anos 1990 com canções inspiradas em trilhas de Blaxploitation, como City Of Steel e Royal Highness.

Logo, espere por muita fumaça quando a realeza da chapação entrar em circulação no festival, momento em que todos, ao hino de Young, Wild & Free poderão comemorar mais um Lollapalooza com muita música boa no Brasil.

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Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.