Por que gostamos tanto do Pitchfork Festival?

Em dez anos, festival conseguiu crescer em relevância sempre priorizando a boa experiência para os fãs de música

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Fotos: Foto por: Kristina Pedersen

Nestes pouco mais de três anos de Monkeybuzz, foram quatro coberturas de Pitchfork Festival Chicago e uma da edição parisiense do evento. Ano após ano, batemos na tecla de que o festival é um dos mais legais do mundo e é com certeza um dos mais relevantes para nossa cobertura aqui no site. Neste aniversário de dez anos do festival, vale a pena fazer um balanço do motivo de prestarmos tanta atenção no que rola por lá.

O principal motivo, é que assim como o SXSW, o Pitchfork Festival é um evento focado em bandas novas, independentes e que demorarão para vir ao Brasil ou dificilmente virão. É claro que grandes festivais como Coachella, Lollapalooza Chicago e Glastonburry nos interessam, mas anualmente, os lineups destes festivais são preenchidos com nomes que vieram ao país no último ano, em algum momento próximo, ou que virão nos meses seguintes, principalmente as grandes atrações.

Já o Pitchfork Festival é formado por bandas independentes em seus primeiros discos e que, na maioria das vezes, não são investimentos seguros para produtores locais. E essa é também uma de nossas intenções, tentar minimamente mostrar o interesse do público brasileiro em nomes menores, para que tenhamos a oportunidade de vê-los em casas menores, antes que se tornem bandas enormes com apresentações megalomaníacas e inacessíveis para nossa realidade. Um exemplo sempre bom de ser citado é o do rapper Kendrick Lamar, que em 2012, fez um show no menor palco do festival, com apenas sua primeira mixtape lançada. Havia pouca gente no show, mas a hype aumentou pois a própria Lady Gaga foi até lá para vê-lo. Dois anos depois, em 2014, Kendrick foi headliner e fechou o último dia de evento. Hoje, após o lançamento de To Pimp A Butterfly, o músico cresceu em relevância e em público e provavelmente não voltará a tocar no festival de Chicago tão cedo.

Além de todos os motivos relacionados a trazer uma cobertura de festival internacional que seja mais relevante para o nosso leitor, há também o fator experiência, que sempre conta muitos pontos positivos para o Pitchfork. Seu tamanho reduzido, cerca de 15 mil pessoas por dia, em um parque aberto, cheio de áreas verdes, ao lado do metrô, com estacionamento de bicicleta, já seriam o bastante para garantir uma experiência que trouxesse menos dor de cabeça do que os grandes eventos costumam trazer.

Mas, além disso, o festival é um sonho dos criadores do conhecido site, sendo realizado, segundo eles – e até agora não houveram motivos para achar que estivessem mentindo -, sob a promessa de que nunca a experiência seria comprometida por motivos financeiros. O Pitchfork é um Festival frequentado por gente local, por turistas, de todas as idades, alguns mais pirados que querem curtir loucamente com os amigos e outros que querem levar suas cadeiras de praia e curtir alguns shows na sombra das árvores, tudo isso acompanhado de boa comida e bebida de produtores locais, com opções boas para todos os tipos de restrições alimentares – Chicago é uma cidade cada vez mais famosa por promover um estilo de vida saudável.

Para quem levar um dinheiro extra, o evento também conta com uma feira de discos onde é possível comprar CDs e discos de vinil direto dos selos a preços reduzidos, cópias raras de alguns deles e também descolar alguns autógrafos dos artistas do festival que passam por lá durante o dia. A maior feira de pôsteres dos Estados Unidos também sempre está presente, com a possibilidade de adquirirmos pôsteres de nossas bandas favoritas criados pelos artistas independentes mais legais do país. Isso apenas para os fãs de música, sem contar escritores independentes e designers de vestuário e acessórios que ganham o espaço do festival para promoverem seus trabalhos.

O público também é muito legal de ver. Para quem está acostumado com grandes festivais que promovem uma cultura de headliner, em que é possível ver pessoas chegando ao evento apenas durante a noite para assistir a uma única banda, aqui, a mesma pessoa monta sua programação com uma banda de Indie Rock, um rapper e uma cantora Pop, ou um nome do metal, um produtor eletrônico e um cantor Folk. E perto do meio dia, horário de abertura do festival, mais de 50% do público já está lá curtindo e sai apenas quando a última banda parar de tocar – sem contar o pessoal que vai embora antes da última banda, algo que não é legal, obviamente, mas é mais uma prova de que o evento não promove uma cultura de headliner tradicional.

É claro que como todo evento de maior porte, existem defeitos, mas o festival reúne tanto do que sempre defendemos que os festivais devem fazer, que ao estar lá, nossa cabeça consegue esquecer de tudo e pensar apenas na boa música que estamos curtindo. Torcemos para que o Brasil possa cada vez mais ter festivais que, mais do que dinheiro, estejam em busca de promover a cultura independente do país e proporcionar uma boa experiência para todos. É muito bom perceber que desde a nossa primeira cobertura do Pitchfork Festival, muito mudou por aqui, evoluiu, e esperamos que continue assim por muitos anos.

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Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.