Mesmo com show recheado de hits, Cold War Kids não empolga

Cinza e morna, como o clima, apresentação dificilmente será elencada como uma das melhores do ano

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Nathan Willett e companhia subiram ao Palco Axe perto do fim da tarde. A chuva que ameaçara chegar durante o dia todo havia se dissipado e espantado o medo dos presentes de ficarem molhados durante o restante do primeiro dia de festival. Foi com este clima que começou uma apresentação morna de Cold War Kids, que até parecia que iria incendiar em alguns momentos, mas manteve-se somente em brasa.

Mesmo com um setlist robusto, composto por faixas como All This Could Be Yours (que abriu o show), Miracle Mile, Hang Me Up To Dry, First (que rendeu o maior momento sing along do show), Hot Coals e Drive Desperate, a apresentação falhou em realmente empolgar – e era visível que o público não iria persistir por uma hora toda naquele “chove não molha”. Pouco a pouco, os presentes foram trocando de palco e mesmo a localização privilegiada deste (sendo um lugar obrigatório de todos que entravam no festival passarem) não foi suficiente para segurar tantas pessoas por lá.

A postura roqueira e inquieta dos músicos no palco até chamava a atenção em um primeiro momento, mas ainda faltava alguma coisa para realmente prender os ouvintes no palco – tirando os fãs, é claro. O piano que aparecia em várias das faixas e acrescentava um tom interessante, ora diminuindo o peso roqueiro das guitarras e do vocal de Nathan, ora o potencializando (como em Something Is Not Right With Me, em que o vocalista o tocava o instrumento aos tapas).

Mas não foi o piano, nem Nathan que roubaram a cena, foi o baixista Matt Maust que conseguiu com seus graves colocar mais ritmo nas faixas e torná-las mais dançantes, principalmente na parte final do show com singles antigos como Hospital Beds, Something Is Not Right With Me, Mexican Dogs e Saint John – nesta última era literalmente possível sentir a música através das pulsantes ondas que o instrumento mandava para caixas.

Composto basicamente pelos extremos da carreira do grupo (os discos Robbers & Cowards, de 2006, e Hold My Home, de 2014), o show foi competente, mas não empolgou. Cinza e morna, como o clima que fazia naquela hora, a apresentação dificilmente vai ficar marcada na memória dos presentes como um dos melhores shows do Lollapalooza Brasil 2016.

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Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts