Pitchfork Music Festival 2013 – Cobertura Monkeybuzz

Estivemos pela segunda vez em Chicago e contamos como foi a experiência em um dos festivais mais legais da atualidade

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Difícil um fã de música não conhecer o Pitchfork, para o bem ou para o mal, uma das mais influentes publicações americanas sobre música e que há nove anos, tem seu próprio festival, carregando um conceito no mínimo diferenciado de festival.

Para quem não acompanhou nossa cobertura no [ano passado](), o festival acontece em três dias, em um agradável parque de Chicago. As bandas escaladas estão obviamente, entre as preferidas do site, variando entre novidades recentes e nomes mais badalados, mas sem a intenção de competir diretamente com os grandes festivais do verão americano como Coachella e Lollapalooza no que diz respeito à trazer as maiores bandas do momento para o evento.

Além de música, a proposta do evento é realmente ser um programa agradável e familiar, onde além de música é possível encontrar uma excelente feira de discos, onde representantes de algumas das principais lojas independentes de Chicago vendem seus discos, assim como os próprios selos, fazendo com que o preço seja sempre convidativo. De independentes há também designers de roupas e acessórios, editoras de livros e a Flatstock, maior feira de pôsteres de shows e bandas amaricana. Por último, mas não menos importante, há também a comida, onde saem os lanches congelados como estamos acostumados (ou não) nos festivais brasileiros e entram comidas de todos os tipos, feitas por alguns dos mais deliciosos restaurantes locais com suas barraquinhas próprias. Há lanches, churrasco, saladas, comida grega, frutas, sorvetes artesanais, comida oriental, entre outras opções, sem também esquecer dos vegetarianos, intolerantes e todo tipo de restrição alimentar, uma preocupação bastante comum entre os restaurantes de Chicago.

Lineup e Shows

A edição desse ano contou com alguns grandes nomes como R. Kelly, M.I.A., Bjork, Belle & Sebastian, entre outros e estava nitidamente mais cheia do que na edição passada. Mesmo assim, minha sensação foi de que esse ano, as bandas intermediárias eram menores, de menos expressão e sem grandes fãs para prestigiá-las. Salvo algumas exceções como Yo La Tengo, The Breeders e mais alguns, os nomes intermediários deste ano eram bandas estreantes como Foxygen, Savages, Waxahatchee, que apesar de ótimas, não competem com as escaladas para a tarde do ano anterior como Hot Chip, Dirty Projectors, Beach House, Ty Segall, Real Estate entre outras.

Nada que tenha atrapalhado os ótimos shows que vi no festival e também nada contra os estreantes que são o grande diferencial do Pitchfork, por dar grande importância à estas bandas, sem que em algum momento haja uma grande diferenciação entre o que é um headliner ou não. Apenas confesso ter saído menos boquiaberto do que no último ano, ganhei menos novas bandas favoritas após assitir às apresentações e percebi menos momentos épicos e marcantes como houveram no ano passado. Mas repetindo, isso talvez tenha sido relativo ao meu gosto pessoal e imagino que para muitos outros, esta edição foi tão épica quanto qualquer outra.

A grande diferença desta vez estava entre os headliners, com muito mais peso do que nas últimas edições. Além dos polêmicos nomes Pop como R. Kelly e M.I.A., cuja adequação com o conceito “alternativo” do festival foi questionada várias vezes, havia desta vez um peso maior entre os headliners, que eram além de R. Kelly, Belle & Sebastian e Björk, nomes gigantes em termos de popularidade se comparados com Vampire Weekend, Feist e Godspeed You Black Emperor!, que fecharam os três dias no ano passado.

Estrutura

A sensação geral foi de que esta edição estava bem maior, com todos esses nomes e muito mais badalada, com cobertura de grandes revistas como a Vogue, mostrando uma hype cada vez maior em cima do festival. Grandes patrocinadores como a marca de fast-fashion H&M e o serviço de streaming Rdio também montaram seus seus stands, onde podíamos tirar e imprimir fotos com efeitos e as garotas fazerem cabelo e experimentar produtos de beleza. Eu achei interessantíssimo e apenas agregou a experiência de maneira geral, mas se bem conhecemos as pessoas, com certeza deve haver quem tenha ficado triste com o fato do seu festival favorito ter se “vendido” desta maneira.

Mesmo assim, ouvi conversas sobre a necessidade do festivaal expandir para um local maior, vide estes novos patrocinadores, maiores bandas participantes e público crescente. Porém, acredito que crescendo demais, o conceito do festival se perderia, tornando-se tumultuado demais e pelo que conheço da proposta do Pitchfork, esta não parece ser a intenção.

Público

O festival realmente não tem contra indicações, haviam grupos de amigos de todos os tipos, fãs de todos os estilos de música, casais, famílias com bebês, crianças e pais mais velhos com seus filhos adolescentes. Union Park em final de semana de Pitchfork Festival realmente se torna um dos programas mais deliciosos que já tive o prazer de participar e recomendo que todo mundo que consiga passar por Chicago nesta época, experimente.

Outra grande característica dos festivais americanos e europeus de maneira geral, mas que são ainda mais acentuados no Pitchfork, é a tal da “cultura de festival”, onde as pessoas vão para curtir o programa, ver diversas atrações e até descobrir novidades e não como no Brasil, onde ir à um festival é como ir a um show de sua banda preferida e boa parte chega apenas para o último show. Os portões abrem ao meio dia, mas não se espante se lá pela uma da tarde, quando começa o primeiro show, o parque já estiver com uns 70% de sua capacidade e cheio por volta das três, o público realmente gosta de ver um pouco de tudo e ainda garimpar novas bandas preferidas.

O fato de ver pessoas de todos os estilos variando em um mesmo dia entre um show de um artista Pop, de uma banda de Punk e de um rapper também é o que torna o festival especial. Apesar de não ser cientificamente mensurável, posso garantir que o festival possui muito mais gente que está presente para curtir os shows e não para ficar conversando como se tivesse ido ao Shopping, o que para fãs de música, é sempre uma boa notícia.

Resenhas

Grandes Espetáculos

R. Kelly
Belle & Sebastian
M.I.A.

Grandes Surpresas

Ryan Hemsworth
Phosphorescent

Ótimos e Aguardados Shows

Mikal Cronin
Woods
Waxahatchee
Blood Orange
Savages Foxygen
Solange

Pequenas Decepções

Sky Ferreira
Mac Demarco (Bom, mas as expectativas eram maiores)

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Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.