R. Kelly e o Maior Espetáculo da Terra

Nas proporções do festival, show pareceu superprodução e o mestre do R&B enlouqueceu o público com um mix enorme de músicas de todo seu repertório

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Logo após o show de M.I.A, a impressão que tínhamos era de que ninguém a superaria no nível espetáculo e superprodução, mas foi uma tolice esperar qualquer coisa menor do que um incrível show de R. Kelly.

A escalação do mestre do R&B para esta edição do Pitchfork Festival, talvez tenha sido um divisor de águas na história do evento e do próprio site. Conhecido por revelar novos artistas do circuito “alternativo” e principalmente do Rock, ninguém imaginava a boa relação que o site poderia ter com a máquina de hits de R. Kelly, portanto chamá-lo é um certificado de que podemos esperar qualquer coisa entre suas próximas descobertas e quem sabe, podemos esperar atrações ainda maiores nos próximos anos.

Lendo algumas matérias em jornais locais antes do festival e também por algumas piadas ouvidas durante o evento, vindas até dos próprios artistas, a impressão que ficava é que todos estavam muito felizes com a presença do cantor de Chicago naquela noite, pois com a sua escalação no festival, as pessoas poderiam curti-lo sem vergonha. A “legitimação” do Pitchfork para um artista poder ser aceito entre um público alternativo realmente parece ter um efeito considerável, por mais tolo que pareça. Aquela era então uma chance para boa parte dos presentes “saírem do armário” com relação a um de seus guilty pleasures.

A escalação portanto não poderia ser mais bem feita, R. Kelly optou por fazer um mix de seus maiores hits, tocando os principais por inteiro e outros pedaços. É impressionante a quantidade de faixas de ótima qualidade em seu repertório, uma verdadeira máquina de sedução através de grandes sucessos para as pistas de dança.

Logo de início, R. Kelly já soltou Ignition (Remix), um de seus maiores sucessos, considerado pelo próprio Pitchfork, uma das vinte maiores faixas da última década. Bump N’ Grind também veio posteriormente, assim como algumas mais recentes e de muita popularidade como Wonderful que participa com Ja Rule na versão de estúdio e I’m a Flirt, de 2007. Impossível não citar I Believe I Can Fly, cantada em coro por todo o público, acompanhada de pássaros de balão sobrevoando Chicago. Ficou difícil reconhecer todas as músicas da noite, mas arrisco dizer que mais de 30 músicas embalaram a noite de encerramento do evento.

Curioso pensar no quanto a ocasião realmente muda a percepção de um show. No contexto do Pitchfork Festival, R. Kelly parecia fazer o papel do maior espetáculo da Terra, executada também por seu maior showman. Obviamente, a produção não era tão grandiosa assim, mas acompanhada da quantidade interminável de hits do cantor e por sua presença de palco, a sensação era de assistirmos a um grande passo na história do festival, com uma de suas maiores atrações em todos os tempos.

Na minha opinião, seria muito difícil, no cenário atual, conseguir escalá-lo para shows no Brasil, já que não imagino o público que compareceria. Não há dúvidas porém, que sua escalação não foi em vão e o domingo terminou com um grito ao meu lado de “Best Summer Night Ever” e confesso não poder discordar.

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Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.