Mannequin Trees e a “Verdade Momentânea” de Ícaro Reis

Fundador da banda conta ao site sobre o lançamento de “Daydream”

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Fotos: Azevedo Lobo/Divulgação

“Tudo vai entrando no que vai saindo” – a antítese da frase faz mais sentido quando você conhece o jeito que Ícaro Reis trabalhar em seu Mannequin Trees. No caso, ele explicava o quanto o contato com outras bandas da cena de SP, do selo Balaclava e da casa de shows Breve (da qual ele faz o som) tem influenciado seu trabalho. “Tudo vai entrando” de inspiração e referência e “vai saindo” em forma de novas músicas.

Faz sentido falar em novidades, mesmo com o álbum Daydream sendo ainda recente, visto que essas músicas foram feitas há três anos. Falando ao Monkeybuzz por telefone, ele comenta que já nem planejava lançar essas faixas, mas “meus brothers gostaram” e daí veio o álbum agora em outubro. Assim como o EP de 2017, seus lançamentos vêm de situações que ele vive e processa ao compor e tocar. “É o que eu sinto na hora, o que eu tô passando na hora, que sai. Tem muita coisa que eu escrevi antes que não tem nada a ver com o que eu faço hoje. É a verdade momentânea, o que eu sinto e o que eu sou”.

“Eu escrevi essas músicas pra mim”, conta Ícaro, “eu me sinto muito exposto. Estou me revelando pra uma galera que eu nem conheço, me entregando mesmo, me expondo”. Isso explica também a cara de “trabalho solo” que Mannequin Trees possui, mesmo ele estando sempre acompanhado de outros músicos nos shows. “É um projeto meu porque é eu que escrevi sozinho mesmo”, explica ele, “mas, sei lá, se de repente a galera colar e realmente virar uma banda que quer escrever coisas, eu tô aberto. Mas acho que, por enquanto, funciona bem assim. Porque banda, porra, banda é um casamento, velho… Para ter esse envolvimento também em composição, além de ensaiar e virar brother, tem que ter uma proximidade maior, uma parada mais ligada às pessoas”.

Sobre a escolha dos músicos que o acompanham, ele comenta que escolhe pessoas que tenham sua mesma “vibe calma”, que estejam “começando no rolê de tocar, mas que mandem bem e que gostem das música. Isso é o principal também, curtir o som e não querer só aparecer, sei lá”.

Depois de ouvir suas músicas, não é de se estranhar escutar de Ícaro que ele trabalhe com ligações tão orgânicas, às vezes até espontâneas, naquilo que faz com Mannequin Trees – o que vale também para a sonoridade do projeto. “Fui entrando muito mais agora nessa estética, escutando mais desse trip, e coisas mais enxutas também”, explica o músico, “antes eu achava que quanto mais arranjo, mais legal. Hoje em dia, eu acho que menos é mais. Me preocupo mais com a estética do que com o arranjo, com frases, ou escalas, sei lá. A textura das coisas tem me tocado mais que os arranjos em si”.

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MARCADORES: Entrevista

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.