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Trio carioca mostra seu som que passeia por tendências noventistas

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Se você acompanha o site regularmente, sabe que temos falado das sonoridades oriundas dos anos 90 com certa regularidade (e uma gama incrível de estilos, que vão do Indie Rock ao Shoegaze, do Post-Rock ao Grunge, tem sido revivida nos últimos anos). Se o assunto é recorrente, é porque existem novas bandas que trazem (com fôlego renovado e, sobretudo, com muita qualidade) tudo o que surgiu naquela época. O trio carioca ritalines é um desses grupos e, talvez, sua principal qualidade seja conseguir agrupar todos esses gêneros em sua música e impressionar o ouvinte ao mostrar uma mistura realmente orgânica de muita do que coexistiu sob a tag de “Rock Alternativo” naquela década.

Quando pedi para o grupo tentar explicar sua sonoridade, obtive a seguinte resposta: “Não conseguimos definir um só estilo. Absorvemos elementos de bandas totalmente diferentes entre si”. E é por aí mesmo. Não há com explicar diretamente o som do trio sem que haja aquela salada de gêneros ou bandas envolvidas. E, tentando simplificar (talvez mais do que é possível), o som do grupo é feito não só para os fãs da música dos anos 90 (aqueles que vão saber pescar diversas referências desse ou daquele grupo da época), mas também para quem nunca ouviu nada da década, sendo capaz de absorver a música do grupo pelo que ela realmente é (e quem sabe começar a cavar mais fundo na música underground produzida naquela década).

“Na época que compusemos estas musicas, não conhecíamos e nem fazíamos ideia do efeito que a música independente dos anos 90 e 80 teria em nós. Já gostávamos muito de bandas como Blur, Jeff Buckley e Radiohead, mas não tínhamos cavado tão fundo ainda”, nos conta Arthur, que prossegue “No entanto foi no período em que começamos a treinar e gravar que nos encantamos por discos como Isn’t Anything, do My Bloody Valentine, Spiderland, do Slint, Zen Arcade, do Hüsker Dü. Quanto mais descobríamos, mais ideias e estéticas desse período eram aplicadas as músicas. A maneira que queríamos que elas soassem é dedicada a essa época”.

A banda, apesar de ainda bem jovem, surgiu já há alguns anos, fruto da amizade de Arthur Bittencourt e Gael Sonkin, que, além de trocar figurinhas musicais, começaram a trocar composições. Em pouco tempo, ainda como um duo, o grupo começou a compor e tocar suas músicas. “Depois de um tempo, a gente já tinha muitas músicas prontas e precisávamos por nosso plano em pratica” nos contou Arthur. “Eu comecei a ensinar baixo pra um amigo meu, Marcos, que era o baixista da formação”, continua. E assim o trio estava formado e pronto para gravar suas faixas. Posteriormente, Caio Paiva viria a assumir o baixo, após a saída de Marcos.

Em pouco tempo, o grupo rumaria ao estúdio e surgiria um primeiro registro de estúdio, contendo um total de oito faixas – de onde saíram as versões de Later on the train e Hello, i’m stoned, goodnight que noticiamos há algumas semanas. Não bastasse a sonoridade trazer muito dos anos 90 o processo de gravação também remete a época, seguindo os métodos usados gente como Steve Albini e Bucth Vig. “Nos primeiros encontros com Pepe (o produtor Pedro Paulo Monnerat), conversei sobre os produtores que eu gosto, e mencionei o Albini, por conta do Surfer Rosa do Pixies. Baseado nisso ele esquematizou como seria o processo de gravação”, explica a banda.

Mesmo que finalizadas, as músicas ainda não serão vistas em um álbum tão cedo e sobre isso Arthur explica: “Sentimos que, por mais que tenha sido uma experiência foda, dá pra melhorar, e muito”. O trio tem planos de regravar algumas delas e gravar mais quatro inéditas para formar seu primeiro disco, portanto, a obra ainda deve demorar um pouco a chegar, mas, segundo a banda, seu debut deve chegar ainda esse ano e para isso estão tentando viabilizar as gravações através de um financiamento coletivo. A boa notícia é que além destas músicas já prontas, há material suficiente para pelo menos mais dois álbuns.

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ARTISTA: ritalines
MARCADORES: Ouça

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts