Nesta semana, revelamos alguns novos nomes do Hip Hop brazuca que devemos ficar atentos para o futuro. Em compensação, nosso Ouça de hoje trata do mesmo tema, mas vem de outro país, os EUA. Madison|LST é um rapper da Califórnia, mas radicado em Nova York – mistura entre costas tão diferentes sonoramente que pode ser sentida em sua música. Formado em Belas Artes no lado leste do país, mas encontrando nas rimas a sua forma de expressão artística, ele chama atenção pela fisionomia esguia com cabelos black power mesmo sendo branco, que o colocam em destaque em seus vídeos, ao mesmo tempo que nos fazem lembrar de figuras carimbadas em 2014, como o zagueiro David Luiz.
Apesar da pose de brincalhão, o trabalho que ele faz é bastante sério e, com um disco lançado, Oblivion, realça um meio termo entre o Hip Hop comercial e independente. Sua sonoridade bebe tanto de trabalhos mais antigos de Jay-Z, quanto de nomes como Common. Aliás, suas rimas estão mais para um flow de idéias contínuas auxiliadas por batidas mais antigas, feitas em pequenos samples e construindo-se puramente a partir das rimas que seu lirismo consegue entregar. Apesar de seus temas não abordarem um cotidiano sofrido ou soarem raivosos, faixas como a ótima Can’t Hang o colocam de forma rápida entre os artistas que conseguem capturar a essência de seu público a partir do suingue de sua música – sexy, ela tem toques de R&B no seus backing vocals, que nos fazem lembrar de Good Life de Kayne West.
O apoio de diverso fãs no Kickstarter deu-lhe a oportunidade de concluir seu disco e lançar seus vídeos, o que não nos deixa esquecer que o suporte independente mostra que um público cativo já está almejando que seu talento seja divulgado pelo mundo. Can’t Hang é construída quase de forma minimalista com uma bateria bem leva e um piano elétrico de fundo – o seu valor está na sua incansável voz que não cansa de rimar. Provavelmente, um melhor trabalho de produção de suas batidas, conseguindo explorar melhor a interatividade entre seu timbre de voz e variações rítmicas, conseguiriam se tornar uma obra ainda melhor. No entanto, para uma estreia, Oblivion nos faz imaginar o que pode vir em seguida.
A acessibilidade de seu som misturado à sua postura nos clipes colocam-no dentro de uma redoma de vidro com cara de sucesso – fugindo dos estereótipos de Gangsta e se mostrando um verdadeiro amante das festas e da vida como deve ser vivida, Madison se coloca dentro do imaginário popular com uma certa facilidade. O Hip Hop dos anos 1990 volta à tona neste artista também através de construções jazzísticas em faixas como RainCheck, Didn’t Like It ou Who Knows, cada uma tentando ser feita com mais calma, sentimento e torpor do que explosões pro rádio. No entanto, quando toca The World, faixa com participação de Kiah Vitoria, dificilmente você não vai acabar com um sorriso contagiante na cara. As boas vibrações, o fato de ser um Hip Hop com um lado Pop na medida certa nos fazem imaginá-la tocando em clubes, no momento certo da curtição alheia.
Versátil, jovem e tentando fugir um pouco dos preconceitos em relação aos rappers atuais que atuam no mainstream, mas, ao mesmo tempo construindo um som acessível com elementos do Rap independente também, Madison é uma boa opção para quem também quer conhecer algum som novo do gênero. Independente de seus gostos, a verdade é que o Hip Hop está na moda e que cada vez mais estaremos diante de bons e novos músicos, o que é ótimo para quem é fã como eu e uma parte grande de nossos leitores.
