Ouça: Camila Garófalo

Cantora paulista mostra seu poder ao vivo enquanto usa as bases de sua estreia

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Conheci Camila Garófalo, recentemente, mais especificamente nessa terça-feira. No mesmo dia em que um dinossauro do Rock, Paul McCartney, tocava no Allianz Parque, a cantora e compositora se apresentava no SESC Pompeia, quase na mesma rua e horário. Curiosamente, alguns dos meus amigos que eu tenho mais respeito em relação ao seu gosto musical afirmavam de boca cheia que iriam vê-la sem nem citar um dos líderes do Beatles como uma opção. A verdade é que eles estavam certos e ela merece realmente que você a Ouça.

Não por simplesmente ver alguns vídeos de suas performances e se apaixonar pelo charme e inspirações claras em nomes como The Doors, ou mais nitidamente de Janis Joplin, mas por perceber que seu apanhado de influências funciona muito bem em seu trabalho de estreia, Sombras e Sobras. Chama atenção pelo seu leque que se expande em pouco menos de oito faixas, passando do Folk no ukelele de A Verdade Doí à Psicodelia tenebrosa com jeito de Metá Metá de Mato e Morro.

Em quaisquer destes momentos, nos parece que a violinista quer transparecer e soltar os seus demônios como forma alívio aos seus problemas, enquanto seus temas líricos como poesia e filosofia são também intrínsecos a sua personalidade. O trabalho de composição, que se iniciou quando Camila foi para Londres estudar Cinema e Inglês em 2010, ganhou forma nas produções conjuntas de nomes como Thiago França (Metá Metá), Dustan Gallas (Cidadão Instigado), Brun Buarque (Karina Buhr) e Danilo Prates. Além disso, a banda de apoio, que transpira musicalidade em arranjos menos objetivos e distorcidos de Rock, coloca toda a sua estreia sob um prisma particular que tange outros artistas sem nunca se tornar redundante.

No entanto, o que mais chama atenção fica mesmo com a sua performance ao vivo bastante poderosa. Enquanto Camila parece se aprisonar em estúdio em faixas como Mato e Morro, Downstairs ou Solidão, parece se libertar e usar de sua atuação para exorcizar cada sentimento despejado em suas confessionais músicas em cima do palco. Não é à toa que cada faixa ganha a intensidade necessária, expande-se no tempo e espaço e parece ganhar uma interpretação totalmente nova do público e da própria cantora.

Ao mesmo tempo, os mínimos detalhes desta produção conjunta, como o sopro de Thiago França em O Velho ou no ótimo Funk, O Santo, mostram que a sua intenção sempre foi fazer uma apresentação grandiosa, que tende a se expandir à medida em que a cantora ganhe a devida atenção. Comparações inevitáveis com uma Lulina menos melancólica e soturna aparecem em Sombras, talvez o seu grande momento, Stoner Rock de primeira para fazer qualquer um viajar à sua própria maneira enquanto Camila, devaneia, se solta, se joga e se perde na própria lisergia. Mais do que um Ouça, veja abaixo o que se pode esperar de uma apresentação tão performática e intensa como esta que a cantora consegue oferecer.

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Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.