Ouça: Zeromou

Banda paraense acerta nos momentos em que assume seu lado mais brasileiro na Psicodelia

Loading

Zeromou é uma banda com muitos pontos altos em seu trabalho e, como toda banda neste ponto da carreira, possui várias arestas a serem aparadas – o saldo, contudo, já é bastante positivo desde seu primeiro e homônimo álbum.

É interessante notar como o grupo do Pará entrega um “disco de estreia” agora, cinco anos após seu início. Sua própria comunicação trabalha o lançamento como uma compilação de sua trajetória até agora, o que ajuda a entender o aspecto múltiplo que a obra possui.

Seu lado mais positivo está na inserção talvez espontânea que a banda realiza em um cenário brasileiro amplo definido nem tanto pela geografia (já que não se concentra em uma só região), mas pelo tempo, já que é o agora que rege as escolhas estéticas em suas composições – você vai lembrar de Monza, Bilhão, Vitreaux e Morfina, por exemplo, só para citar as que acabaram de lançar disco.

É aquela psicodelia desenvolvida nos últimos anos dentro da dita música alternativa, aquela que foi adquirindo um ou outro aspecto mais radiofônico sem perder sua identidade (alô, Tame Impala!). Melhor ainda, tem um quêzinho brasileiro ali no meio, seja em uma ambiência de quem está próximo da Linha do Equador ou no sotaque nortista. É quando essa personalidade está em primeiro plano que a banda voa mais alto, seja em Não Sei se Me Garanto, Ramiro ou Fahreheint.

Com o tempo, Zeromou provavelmente entenderá melhor a liberdade de cantar em português e ser mais Os Mutantes do que Pink Floyd – não por um determinismo geográfico, mas pelo abrir constante dos olhos à vantagem que é ter nascido e crescido no mesmo país e época de Boogarins e O Terno, além das já mencionadas anteriormente.

Loading

ARTISTA: Zeromou
MARCADORES: Ouça

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.