Ouça: Aisha Burns

Segundo disco solo da norte-americana carrega a força de sua poesia

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Cinco anos separam o primeiro e o mais recente disco da cantora norte-americana Aisha Burns. E não foi seu trabalho como violinista no grupo Balmorhea que manteve a artista longe do estúdio por tanto tempo, mas um intenso processo de composição baseado nas coisas que ela viveu nesse período. Quanto mais ela vivia, mais tinha sobre o que cantar e, ao mesmo tempo, menos conseguia se expressar.

Por trás de Argonauta, o álbum lançado agora em maio, existe todo seu processo de crescimento de amadurecimento como uma pessoa que viu um relacionamento sério e duradouro sofrer seu fim, ao mesmo tempo em que o falecimento de sua mãe causou um processo de luto complexo, entre idas e vindas de reflexões e readaptações.

Se tudo isso molda o alcance emocional do que Aisha produz, é impossível falar de seu trabalho sem citar também a potência de sua voz. Grave e cheio de presença, seu vocal preenche as músicas da mesma forma que as notas prolongadas da guitarra, conferindo grande identidade a qualquer uma de suas faixas.

Com produção da própria artista, Argonauta sabe trabalhar o clima introspectivo dos temas propostos em uma sonoridade de timbres calorosos que apontam não só para uma grande energia criativa, mas também uma punção de vida até nas faixas mais tristes. Aisha Burns é o tipo de música que te conecta diretamente à sua sensibilidade, e você se percebe diante de um talento muito particular esculpido por dores tão universais.

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MARCADORES: Ouça

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.