Ouça: Yves Tumor

Sons sofisticados e experimentais expressam sensações bastante subjetivas no ouvinte

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Há uma teatralidade muito interessante no trabalho do norte-americano Yves Tumor. Não me refiro a uma dramaticidade caricata, nem mesmo ao aspecto espetacular com que ele se apresenta – vide as fotos -, mas na maneira como sua música parece trabalhar as percepções do ouvinte tanto na mente, como também no corpo.

A recente Noid, lançada na última sexta-feira (27), exemplifica isso com suas características mais dançantes – que projetam o ouvinte ao movimento com suas batidas. Para além disso, tanto essa quanto suas outras faixas trabalham incômodos nas dissonâncias, nos ruídos e em harmonias distantes daquelas que estamos mais acostumados a ouvir. Do tipo de música que não te permite ficar indiferente.

Esse resultado, obviamente, não é à toa. Tem a ver com os temas que ele se propõe a falar, como paranoia, ansiedade e saudades. Como ele mesmo declara em entrevistas, seu processo de composição e de produção se iniciam com a intenção de comunicar um humor, ou sensação, ao invés de uma mensagem mais objetiva.

Foi assim em Serpent Music, disco de 2016, e também em Experiencing the Deposit Faith (2017). Ao ouvirmos Noid, percebemos que o artista, mesmo quando se propõe a fazer uma música mais “redondinha” dentro do que esperamos nas canções, segue trabalhando efeitos bastante subjetivos no público com seu som refinado e de caráter experimental. Não é, muito provavelmente, o tipo de música para se ouvir todos os dias. É aquele trabalho que vai te amparar em momentos de introspecção em níveis, às vezes, inexplicáveis.

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ARTISTA: Yves Tumor

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.