Ouça: Marika Hackman

Cantora e modelo, mesmo se estabelecendo no Folk, rende inúmeras comparações com a multitalentosa Nico (sim, aquela que tocou ao lado do The Velvet Underground)

Loading

Por mais ligado que possamos estar, é incrivelmente difícil acompanhar a totalidade de lançamentos musicais. Digo isso, pois já faz alguns meses que Marika Hackman lançou seu primeiro trabalho, um mini-álbum chamado The Iron Tase (para ser mais exato, lançado em fevereiro deste ano), e só agora ele chegou aos meus ouvidos. A confortante voz da moça e sua vibe Folk-minimalista/Lo-Fi consegue distanciar de ser só mais uma cantora dentro do estilo e a aproximar de figuras como Nico e Syd Barrett (isso pelas tendências experimentais e quase psicodélicas que moça traz a seu trabalho).

A jovem inglesa (de apenas 20 anos) deixa bem claro em suas entrevistas que não veio para se tornar mais uma Lucy Rose ou Laura Marling, Marika vem para estabelecer com uma nova personalidade e proposta musical em meio a elas. “Eu acho que ele é um pouco mais obscuro e abstrato do que as pessoas podem esperar”, disse a moça em uma entrevista um pouco antes do lançamento de The Iron Tase, “espero que soe como algo diferente”. Para deixar isso claro de uma vez por todas, Hackman criou uma das faixas mais improváveis para alguém de seu “estilo”: Retina Television.

Marika Hackman – Retina Television

Essa faixa além de sua aura teatral e etérea é feita sem o uso nenhum instrumento; visceral, ela se constrói toda a partir de Marika – seja pela voz (conduzindo a letra e os coros) ou pela percussão corporal. Além desta, há também diversos experimentalismos com timbres e batidas eletrônicas – que enriquecem suas faixas ao invés de desviar a atenção do ouvinte pela quebra de paradigma. Com maior e menor intensidade, esse experimentalismo de alguma forma está presente em suas músicas, seja nas melodias, letras ou instrumentação.

Ainda sim, a moça sabe trabalhar bem dentro dos lugares comuns do estilo – ou melhor, sabe exercitar bem a linguagem do gênero -, criando faixas que sabem se apropriar dos elementos mais conhecidos para experimentar com eles e levá-los para um passeio dentro de sua própria concepção do que é a música Folk. O resultado são faixas aninhadas no experimentalismo grandioso de Fleet Foxes (You Come Down) ou ainda algo mais minimalista como Daughter (Mountain Spines).

Ótimos singles e um denso e experimental mini-álbum marcam a primeira fase da talentosa musicista que promete para esse ano um disco de verdade. Com primeiros passos dados com muita certeza e firmeza, os próximos estão bem encaminhados e só nos resta ver o que Marika irá fazer agora que, além de compor está começando a ter mais shows e sair em turnê – possivelmente um caminho que a tornará ainda mais madura.

Loading

MARCADORES: Ouça

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts