Ouça: San Fermin

De Música Clássica ao Indie Pop, o projeto de Ellis Ludwig-Leone consegue transitar entre este dois extremos de forma única e grandiosa

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O que mais me impressionou ao ouvir o som de San Fermin foi a grandiosidade com que ele é construído. Em uma comparação que talvez soe rasa, a sonoridade do grupo me parece o encontro entre o som de bandas como Arcade Fire, Sufjan Stevens, Dirty Projectors, a ópera de Damon Albarn (Dr. Dee) e a sensibilidade da Música Clássica e Barroca – e não é à toa que a principal tag para categorizar a banda é Baroque Pop.

Meu primeiro contato com ela foi com a incrível Daedalus (What We Have), lançada no começo de 2013, e depois de uma breve pesquisa descobri que a banda, na época do lançamento, tinha pouco mais de alguns meses de vida. Uma faixa com tamanha qualidade e grandiosidade logo de cara me pegou de surpresa. Será que este era apenas um golpe de sorte ou a banda realmente conseguiria impor esta mesma qualidade a todas suas composições?

Daedalus (What We Have)

Felizmente a resposta para esta pergunta é a segunda opção. Descobri também, naquelas breves pesquisas, que o cabeça do grupo é Ellis Ludwig-Leone, músico que estudou composições clássicas em Yale e que após terminar a faculdade se isolou em terras canadenses para criar seu primeiro álbum (história que me lembra muito a de Justin Vernon antes de criar o debut do Bom Iver).

O resultado disso pode ser visto na ótima estreia autointitulada do grupo, a ser lançada no próximo dia 17 de setembro. Saxofones, trompetes, violinos, pianos, bateias, baixo, guitarra, clarinetes, violões e violoncelos se encontram em uma mini orquestra, guiada pelo ótimo vocal de Allen Tate (que muitos comparam com o tom barítono de Matt Berninger, do The National) e o dueto feminino Jess Wolfe e Holly Laessig. Com arranjos minuciosos e muito bem arquitetados de Ludwig-Leone, os músicos (22 em estúdio e 8 em shows) conseguem criar música que soem como algo grandioso, belo e profundamente emocionante.

Ainda que tão grandioso, o disco consegue crescer também para outros lados, como você pode ver em Sonsick, uma das faixas mais Pop de todo o álbum. Acessível, o álbum se constrói também destes momentos em que a banda sai de sua zona de conforto para flertar com outros tantos ritmos (entre eles Folk, Indie Pop, R&B e Jazz). O mais impressionante é fazer isto sem perder em nada a coesão do álbum.

Tal como cidade espanhola de São Firmino, que recebe anualmente corridas de touros (e batiza a banda), descritas por Ernest Hemingway no romance O Sol Também Se Levanta, a banda me soa tão intensa quanto à vida de um toureiro (mais uma vez exaltados pelo escritor norte-americano que é uma das maiores influências para Ellis). Ter a coragem de lançar uma faixa como Daedalus em poucos meses de vida, me faz todo o sentido agora.

Se você ficou curioso para ver o resultado desta orquestra Pop, saiba que não precisa esperar até a próxima semana para ouvir o álbum, pois a NPR disponibilizou as 17 faixas do álbum para streaming gratuito. Ouça os 55 minutos de um dos álbuns mais ambiciosos e surpreendentes do ano.

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ARTISTA: San Fermin
MARCADORES: Ouça

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts