Resenhas

Saintseneca – Dark Arc

Banda consegue inserir bem sua personalidade em um gênero saturado, mas para encontrá-la é necessário passar por muitos clichês

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Ano: 2014
Selo: Anti
# Faixas: 14
Estilos: Folk, Indie Folk, Stompy Folk
Duração: 40:17
Nota: 3.0
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Fdark-arc%2Fid805226890%3Fuo%3D4%26partnerId%3D2003

Saintseneca pode ter dado muita sorte ou muito azar de ter sido encaixada no estilo que tem sido chamado de Stompy Folk. Isso porque, apesar da grande popularidade e espaço no mainstream que tem ganhado nos últimos anos, boa parcela do público já considera o som um pouco saturado, forçado, às vezes até artificial. Pelo menos, o que pode-se perceber em Dark Arc é que, sortuda ou azarada, é isso que a banda sabe e gosta de fazer, o que ajuda a revelar uma sinceridade maior em seu trabalho, mesmo sendo tão semelhante a tudo que tem sido feito.

De fato, não salta aos ouvidos a artificialidade muitas vezes atribuída a Mumford & Sons, nem a alegria exagerada de The Lumineers, mas tampouco encontramos a riqueza de uma Fleet Foxes ou a melancolia de um Keaton Henson. A banda tem sim suas individualidades, suas características que a diferenciam do restante do gênero, novas influências (principalmente do Post-Punk) na construção de algumas faixas, mas elas estão muitos escondidas embaixo de camadas e camadas das fórmulas que tem tornado tantas bandas populares, mas que ao mesmo tempo tem afastado ouvintes de bons trabalhos dentro do gênero.

Isto é triste, pois, após passarmos pela trinca inicial de faixas que seguem a mesma estrutura, começando mais calmas e explodindo da metade pro final, nos deparamos com pérolas como a bela Fed Up With Hunger, trazendo uma surpresa agradável com sua voz doce em uma balada emocionante e com uma dramaticidade incrível. Um pouco depois, nos deparamos ainda com Only The Young Die Good e seu refrão profundamente belo, entre os mais marcantes do ano “If only the good ones die young / I’d pray your corruption come / swift like a thief in the night / Right I pluck my right eye right out” que fica ainda melhor na voz nasalada de Zac Little. Ou seja, quando a banda acerta, chega muito longe e cutuca nossas mais profundas convicções, mas é uma pena que tanta beleza fique escondida em meio a outras faixas tão medianas.

Se engana, porém, quem confunde essa repetição de clichês com música ruim. Pelo contrário, o quinteto é excelente e traz, neste segundo disco, uma produção impecável, com cada elemento sendo gravado separadamente, o que passa uma sensação de camadas bem diferenciada pra música, uma limpeza boa no som que colabora para aquela sensação reconfortante do estilo. Gostar ou não de uma banda que se encaixe nesse “Folk para bater os pés” acaba sendo uma questão de identificação pessoal com detalhes, com um ou outro instrumento particular ou trecho de alguma letra.

Se tivéssemos a oportunidade de viajar no tempo, ir ao futuro e olhar para toda essa vertente do Folk, acredito que alguns poucos lembrarão de Saintseneca com carinho como aquela banda injustiçada que era melhor e mais autêntica que muitas outras, mas não ganhou o devido reconhecimento. Para fãs do gênero que não quiserem esperar até lá, vale procurar colo no belo e familiar som da banda.

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Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.