Resenhas

Handbraekes – #2

Continuação do duo mais parece trabalho individual de Boys Noize e não chama atenção

Loading

Ano: 2014
Selo: BoysNoize Records
# Faixas: 4
Estilos: Techno, French House, Electro
Duração: 14"43'
Nota: 1.5
Produção: Alex Ridha, Mr Oizo

A ansiedade de se ter um novo registro acabou. No emblemático 5/5, os titãs do Electro resolveram acabar com os boatos sobre a continuidade de Handbraekes, intitulado #2. Pra quem ainda não sabe, trata-se da junção do espaçoso alemão Boys Noize e o monstro do French Electro Mr. Oizo. Depois de dois anos de muito trabalho, de ambas as partes, um tempo foi separado para que os fãs dessa mistura do Techno ao som que conhecemos de Justice, por exemplo, sentissem o gosto desse liquidificador de influências. O resultado foi um EP enérgico, com quatro faixas dinâmicas e rasgadas – o que não é surpresa sendo assinado por Ridha.

É notável que houve uma fronteira rompida de 2012 para 2014. Enquanto em #1, o som comercial teve seu espaço em faixas como o single Callgurls (e a repetitiva frase are dead) e The Qat, que usa do lendário som de trompete para fail para fazer uma brincadeira, em #2 predominou-se o instrumental, salvo alguns resquícios (quase imperceptíveis) em Grind Go. Os vocais, que são um forte ponto para as produções de Oizo, foram censuradas em prol de uma atenção maior na sintetizadora. Diante dessa realidade, é basicamente inevitável não achar, principalmente, Bravo e Paroat bastante repetitivas. Foram quase oito minutos de Techno industrial que se muda pouco a estrutura de cada oitavo. O ponto negativo das citadas giram em torno do fato de serem extremamente carregadas de elementos, bumbos descompassados e sintetizadores estúpidos, o que torna intermináveis sua audição.

A segunda metade do álbum se aproxima da França, perceptíveis nos samples de vocal, ainda tímidos. Chyna se representa bem o Techno e se mostra bastante interessante no primeiro minuto. passagens como Ready? impulsionam os ouvintes a começar a concordar em permanecer. Para se encerrar, chegamos finalmente no que podemos falar que há um pé de Oizo no trabalho. Grind Go ameniza no barulho e trabalha algumas características predominantes no que Mr. Oizo sabe fazer muito bem, e que muitos subestimam. Sintetizadores clássicos e aquela vontade frustrada de se ter trabalhado um vocal completando toda a atmosfera oitentista.

Para quem estava freiado no primeiro, agora em #2 preferiu chutar a porta. Mesmo diante de dois anos bem cheios, com trabalhos que perambulam tempo entre Oizo e Skrillex, com Dog Blood, Ridha parece que não quer descansar. #2 tem influência muito maior do som do alemão do que do francês. As linhas são carregados de sintetizadoras no Electro e carecem de elementos mais brandos e trabalhados como Mr. Oizo faz com sucesso. Isso frustra quem ansiava por ver os dois desbravando os gêneros e trazendo uma nova realidade, trata-se de um registro em sua maioria mergulhada na fonte do Techno. Sintetizadores do French Electro, guitarras, vocais eufóricos, nada disso fez parte da continuidade de #1, e sim um emaranhado de brincadeiras com software de produção que mais pareceu sobras de disco do próprio Boys Noize. E sobras não constroem singles.

O que poderia ser um passo na frente de grandes projetos mais soa como uma obrigação. A impressão que se tem é que precisava soltar material e faltava tempo. Faltava tempo inclusive de Mr. Oizo se fazer presente. Não que isso realmente faça alguma diferença na carreira de ambos. O próprio Ridha já tem sua opinião bem clara sobre a crítica e acha engraçado comentários de ódio. Mais um artista que desperdiça a oportunidade de se firmar ainda mais na cena por ter uma visão menos musical e mais empreendedora. O EP tem a cara de Ridha e o que vimos em Go Hard há quase um ano se repete agora: #2 não chama atenção e vai pra estante do esquecimento dos fãs dos produtores.

Loading

BOM PARA QUEM OUVE: Mr Oizo, Boys Noize
ARTISTA: Handbraekes

Autor:

Publicitário que não sabe o que consome mais: música, jornalismo ou Burger King