Resenhas

Terno Rei – Vigília

Post-Rock e melancolia da rotina paulistana surpreendem em primeiro álbum de quinteto

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Ano: 2014
Selo: Balaclava Records
# Faixas: 10
Estilos: Post-Rock, Rock Alternativo, Shoegaze
Duração: 43:14
Nota: 4.0
Produção: Guilherme Chiapetta

A força-motriz do Rock atual no Brasil e suas vertentes de fato não concentram-se em São Paulo. Muito do que é produzido e que salta aos olhos vem inicialmente de outros cantos do Brasil, mas vez ou outra aparecem nomes interessantes pela megalópole brasileira, como os estreantes rapazes Terno Rei. Com já dois EPs nas costas, o primeiro álbum vem agora assinado com o jovem selo local Balaclava, mais afinado que seus primeiros registros.

Ao mesmo passo de bandas como Cambriana e Quarto Negro, o quinteto aposta numa sonoridade que majoritariamente transita pelo gênero Post-Rock e traz a melancolia como temática-chave tanto para a construção de suas letras, quanto da ascendência e cadência de suas melodias. O Rock Alternativo dos paulistanos, ao mesmo tempo que mantém-se constante, mostra o caminho que cada música será conduzida logo no começo, ao ressoar de cada instrumento em conjunto.

Num caminho mais adocicado e contemplativo, se desenvolvem Manga Rosa e Ela, por exemplo, que abre o álbum e traz pra perto nomes como Pélico e Castello Branco num viés mais lisérgico. Já em Dia de Treino e Passagem, o rodo cotidiano vai direto ao seus ouvidos. As dedilhadas guitarras somam-se a samples pontuais e frases expressivas, trazendo camadas sonoras que se sobrepõem de tempos em tempos à massiva rotina e o caos urbano de uma grande cidade em uma harmônica “bagunça musical” – uma estética bem frequente na também novata Ventre.

Fugir de uma temática conceitual ou de uma história fechada pra falar sobre seu cotidiano não é lá uma grande novidade na música, mas tentar conduzir seu ouvinte com letra e som de uma maneira entre o cru e o romântico à sua dose de realidade diária é uma atitude um tanto louvável, principalmente quando se consegue fazer por entender. Esse objetivo é um dos que Terno Rei estabelece alcançar com seu registro de 43 minutos. Além de conseguir passar a mensagem de “proposta singular que se apoia no minimalismo de seus integrantes”, os rapazes trazem uma nova luz ao breu instaurado pelo amontoado de preguiçosos paulistanos.

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BOM PARA QUEM OUVE: Ventre, Quarto Negro, Cambriana
ARTISTA: Terno Rei

Autor:

Jornalista por formação, fotógrafo sazonal e aventureiro no design gráfico.