Resenhas

Ringo Deathstarr – God’s Dream

Entre um álbum e um EP, obra mostra uma nova encarnação ainda mais potente da banda

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Ano: 2014
Selo: Noyes Records / Neon Sigh
# Faixas: 7
Estilos: Shoegaze, Nu Gaze, Noise Pop
Duração: 29:01
Nota: 3.5
SoundCloud: /tracks/133456124

O trio Ringo Deathstarr, desde que surgiu, ainda em 2007 com o EP homônimo, passou por diversas “fases” em sua sonoridade. Por mais que o Shoegaze (principalmente a vertente criada por My Bloody Valentine) sempre esteve presente em seu som, em cada um de seus lançamentos o grupo parecia brincar com outros tantos estilos e bandas – passando por momentos mais próximos ao Twee Shoegaze (com o disco de estreia Colour Trip, de 2011) e Noise Pop (Mauve, de 2012).

Em God’s Dream, seu novo lançamento que fica no meio termo entre um EP e um álbum, o trio parece abraçar de novo essa sonoridade mais próxima do Noise Pop, porém trazendo na bagagem outros estilos alternativos dos anos 90. Além do Shoegaze, há um tanto do Rock Alternativo (que em alguns momentos pode lembrar discos mais antigos de The Smashing Pumpkins), Grunge e até mesmo algumas pitadas de Stoner Rock. A presença deste combo de sonoridades justifica este ser, até agora, a obra mais pesada e, de certa forma, mais roqueira que o trio já produziu.

De certa forma, ouvir o disco é como se navegar em uma corredeira, ora caudalosa, ora de águas plácidas, porém sempre turvas. Para quem estava acostumado ao clima mais ameno do trio, a dobradinha Bongload e God’s Dream abre a pequena obra cumprindo esse papel. As duas faixas costuram o “wall of sound”, costumeiro do Shoegaze, com guitarras gritantes e distorcidas do Noise, em uma mistura leve e com bons toques psicodélicos. A voz doce e arrastada de Alex Gehring embala o ouvinte por uma tranquila e lisérgica viagem, guiada por melodias relaxantes e pela parte rítmica pulsante.

A partir da terceira faixa, a obra começa a tomar um rumo mais agressivo – passando por seus pontos mais altos (Nowhere) e mais baixos (Shut Your Eyes). Velozes, barulhentas, sujas, caóticas, Flower Power e Chainsaw Mornings mostram algo próximo ao Grunge, mas ainda assim abraçando momentos mais Pop, melódicos e climáticos. Esse choque de sonoridades garante às músicas maior mobilidade e espontaneidade e ainda assim mantém grande coesão dentro do álbum.

Em God’s Dream, o que mais chama a atenção é nova postura da banda em buscar diferentes formas de criar seu som – sem abandonar o Shoegaze à la My Bloody Valentine, mas sem novamente soar exatamente como Kevin Shields e companhia (com exceções, é claro, como é caso de Bongload). Aqui, o trio explora os seus limites e se reinventa mais uma vez na forma mais roqueira e expansiva vista já vista nestes sete anos de carreira.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts