Resenhas

Owen Pallet – In Conflict

Quarto disco solo do músico canadense traz uma série de novos elementos e abstenção de outros tantos

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Ano: 2014
Selo: Domino/Secret City
# Faixas: 13
Estilos: Barouque Pop, Experimental
Duração: 49:53
Nota: 3.5

In Conflict, quarto disco solo do compositor e violinista Owen Pallet, é uma obra que surge mais de quatro anos após sua “obra-prima”, Heartland. Todo esse tempo de espera se justifica não só por todos os projetos em que o músico se envolveu desde então (produzindo seus belos arranjos de cordas para gente como The National, Alex Turner e Arcade Fire, além de trabalhar com algumas trilhas sonoras, incluindo Her, ao lado do diretor Spike Jonze e de Win Butler), mas também por muito do que se vê nesta obra em questão.

Este disco é o primeiro, desde Has a Good Home (gravado pelo músico em 2005, ainda sob a alcunha de Final Fantasy), em que o músico não tem um conceito por trás das faixas. Em In Conflict, há sim temáticas bem amarradas (e principalmente o tom bem pessoal que o músico aborda temas como mortalidade, auto aceitação, depressão, amor, perda e o sentimento de estar abandonado), mas nenhuma costura realmente mais intensa entre elas – ainda assim, esta é uma obra extremamente coesa e fluida, seja na parte lírica ou na parte instrumental. Mais uma mudança que notasse logo de cara é a entrega vocal desta nova obra. Pallet parece agora mais confiante e consciente de sua própria voz (bem diferente do tom mais “tímido” de suas obras anteriores).

Mais uma vez, o músico repete a parceria com a Czech FILMharmonic Orchestra, o que ajuda em diversos momentos trazer o clima quase cinematográfico para sua obra – talvez a trilha de mais um filme à la Spike Jonze. Com muitos arranjos orquestrados pelas de cordas e metais e pelo piano, suas faixas apresentam um dinamismo ímpar (canções como I Am Not Afraid, The Passions ou os interlúdios —> [1] e —> [2] mostram muito bem isso). Essa sensação de unicidade só aumenta quando as pitadas da Ambient Music, sintetizadores e elementos eletrônicos do colaborador Brian Eno entram em cena (em músicas como In Conflict, Song For Five & Six e Infernal Fantasy). Ao invés de um “conflito”, como o nome da obra pode sugerir, o orgânico e o sintético se encontram e se fundem como um só.

Apesar de todas estas mudanças, Ownen deixa logo de cara não ter medo de apostar nestas novas sonoridades, já com a ótima faixa de abertura, I Am Not Afraid. Se “arriscar” nesse novo terreno foi feito e tanto, e saber trazer tudo isso com grande preocupação em trabalhar cada faixa como uma peça única e que pode ser ouvida fora do álbum, além do teor “Pop” – ou pelo menos facilmente deglutível -, é outro ponto positivo da obra. No geral, parece que, dessa vez, o músico pegou toda a energia de seu elogiadíssimos shows e conseguiu traduzi-la para o disco e o resultado é um ótimo sucessor para uma obra que de fato o colocou no mapa musical.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts