Arraste os móveis para o canto antes de começar a ouvir Charlie e os Marretas, porque dançar é quase inevitável quando ouvimos as nove faixas do grupo de mesmo nome, um disco que mistura passado e presente ao mostrar o lado mais divertido do Funk.
Charlie e os Marretas faz sim um trabalho de estilo, de estética. São músicas com o propósito de trabalhar um som e divertir, não que carreguem uma mensagem ou poesia sobre algum outro tema que não a festa e o gênero. E empolgação não falta por aqui.
Com bom humor, grande habilidade musical e muita, mas muita energia, a pegada da obra lembra um pouco os shows que Garotas Suecas, aquela celebração contagiante de um som de uma época que eu não vivi. Ao ouvir músicas como O Vô Te Ensina e Bote um Funk, referências visuais das festas de 40 anos atrás vem facilmente à mente, com todos os clichês possíveis e divertidos daquele tempo.
O clipe de Marretón apresentou bem a banda e seu propósito de fazer dançar com bom humor. Quem gostou dessa e veio ouvir mais vai se deparar com uma belíssima surpresa: Ela não é a melhor do álbum. É difícil escolher uma só, mas Chegou a Hora, Baile da Pesada e a instrumental Quimpassi brigam ferozmente pelo título.
Tanta festa pode cansar uma hora, seja o público (sim, é preciso estar nesse espírito pra ouvir o disco algumas vezes seguidas) tanto a banda (já que manter o nível de empolgação tão alto desse jeito não é fácil). Sobre isso, o bom humor do grupo acaba sendo um facilitador na hora de planejar mudanças no futuro, já que é um som feito seriamente (no sentido de competência), mas que não se leva a sério.
E é nesse espírito que o disco é melhor aproveitado, em uma contemplação respeitosa do talento dos músicos e execução das composições, mas sem deixar isso interferir no quanto é divertido escutar esse som.