Resenhas

Craft Spells – Nausea

Cativante segundo disco de Justin Vallesteros nasce de uma época turbulenta em sua vida

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Ano: 2014
Selo: Captured Tracks
# Faixas: 11
Estilos: Dream Pop, Indie Pop
Duração: 40'
Nota: 3.5
Produção: Dylan Wall
SoundCloud: /tracks/138917325

Se por um lado a “pressão do segundo álbum” parece estar mais na cabeça do ouvinte do que na do próprio artista, há casos em que a tal pressão realmente se faz presente para quem está compondo sua segunda obra, ainda mais depois de um primeiro disco tão bem sucedido. Esse é o caso de Justin Vallesteros e seu Craft Spells.

Depois de estrear com o aclamado Idle Labor (2011) e dar continuidade em sua obra com o EP Gallery (2012), a banda entrou em um pequeno período de hiato, devido a um bloqueio criativo de Justin. Para tentar romper com esse bloqueio, o músico se desplugou de tudo (não mantendo contato nem mesmo com a Internet) e se isolou do mundo. Neste período insular, Vallesteros teve como sua trilha sonora nomes como Emmit Rhodes e os trabalhos solo de Haroumi Hosono e Yukihiro Takahashi, amobos do Yellow Magic Orchestra. Com todo esse background, não é à toa que Nausea saiu como saiu.

O disco nasce de um período difícil na vida de Vallesteros, o que implica em letras pouco mais maduras – longe daquele teor de amor juvenil das obras passadas. Isso pode ser visto por entre as onze músicas do álbum, seja de forma mais direta, na faixa-título, ou de forma quase alegórica, em Komorebi. Se nesses primeiros trabalhos as temáticas e forma de aborda-las pareciam diluídas em uma proposta mais inocente e sonhadora, aqui o músico as encara de forma mais direta e incisiva. Um grande avanço para, talvez, o único ponto mais insípido do bom primeiro registro do grupo.

Musicalmente, o disco segue o mesmo clima do EP Gallery, apresentando uma mistura mais limpa e refinada de seus elementos. Com muito do Dreampop e um teor hipnótico cativante, suas faixas conquista facilmente o ouvinte com suas melodias envolventes e sonoridades sedutoras – prova disso é o ótimo single Breaking the Angle Against the Tide, ou ainda os faixas instrumentais Instrumental e Still Fields (October 10, 1987). Um dos destaques do álbum, Komorebi, mostra como as referências (principalmente as mais nipônicas, como Yellow Magic Orchestra) se agrupam na sonoridade sonhadora do grupo.

Se esteticamente a banda já chamava a atenção, com Nausea ela ganha mais vários pontos por apresentar uma lírica ainda mais consistente. Sonoramente, Justin Vallesteros e seu Craft Spells continuam tão melódicos e apaixonantes como sempre foram – se não mais ainda -, e justificam todo o tempo e pressão colocada sobre um segundo álbum, com um que supera o primeiro em muitos aspectos.

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BOM PARA QUEM OUVE: DIIV, Heavenly Beat, Wild Nothing
ARTISTA: Craft Spells
MARCADORES: Dream Pop, Indie Pop, Ouça

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts