Não há dúvidas de que recentemente, com bandas como Iceage, Savages, Perfect Pussy e outras, o Punk tem voltado aos poucos aos palcos principais. É sempre curioso avaliar o lugar do estilo nos dias de hoje. Pela ligação do movimento com o contexto de sua época ser tão grande, continuamos desnecessariamente tecendo comparações e tentando entender as influências e motivações de todos estes nomes.
Com Priests, é possível perceber o quanto as referências sonoras do Punk chegaram à nova geração como algo tão natural quanto o Indie Rock. Bodies and Control and Money and Power traz a urgência do gênero tanto na maneira de cantar, quanto nas letras diretas e ameaçadoras, protestando contra temas diversos como a política atual e certos comportamentos padrões na sociedade, o bom e velho “ir contra o sistema”.
Ao mesmo tempo, a crueza e o descaso formal que encontramos em outras bandas não está tão presente por aqui. Katie Alice Greer canta surpreendentemente bem, é afinada quando quer e chaveia entre boas melodias vocais e a gritaria num piscar de olhos. Boa parte do som também flerta com outros estilos como o Indie Rock e o Metal, resultando numa música bem mais acessível, mais fácil de digerir na primeira audição, mas talvez não tão eficaz em passar uma mensagem ou deixar a sua marca.
Em sete faixas que somam apenas 17 minutos de música, a banda de Washington soa como um adolescente engajado, que fala muita coisa que faz sentido, mas ainda com aquele comportamento nada maduro, prejudicando nossa interpretação da mensagem. A sensação ao ouvir o disco por completo, é de uma banda com boas melodias, boas letras, temas bastante contemporâneos para discutir, mas que sabemos que não vai agregar muita coisa na discussão, não trará nada que já não conhecíamos antes, tanto literal quanto figurativamente.
Bodies and Control and Money and Power parece ter chegado no resultado certo, mas com as intenções erradas, por isso o que temos é um disco agradável, mas que parece já ser o início de uma fase onde nem tudo que surge no estilo tem tanto a dizer e consegue nos impactar com a profundidade que os nomes lá no começo conseguiam.
