Resenhas

First Aid Kit – Stay Gold

Dupla sueca mostra que a maturidade fez bem às composições e apresenta um álbum completo

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Ano: 2014
Selo: Columbia
# Faixas: 10
Estilos: Folk, Pop Folk, Indie Folk
Duração: 38:28
Nota: 3.5

Logo de cara, talvez seja um argumento barato dizer que uma banda que começou na adolescência tenha atingido a maturidade, justamente por ser a tendência natural das coisas. Tudo começou com um cover de Fleet Foxes, quando elas ainda eram muito jovens, em meados de 2008. Agora, em Stay Gold, as irmãs Söderberg da First Aid Kit provam seu verdadeiro crescimento musical.

First Aid Kit tem evoluído ao longo de três álbuns de estúdio, lançados nos últimos quatro anos. Agora, e pela primeira vez por uma grande gravadora,Stay Gold traz o talento impressionante das suecas, mostrando desta vez uma facilidade ainda maior com composições. Suas principais influências mesclam uma mistura dos clássicos cantores de Country com as sonoridades mais modernas, passando até pelo Indie, mas sempre mantendo a raíz do Folk. Neste novo disco, a banda prova seu crescimento sonoro e lírico, como um grande salto desde The Lion’s Roar, de 2012.

Em Stay Gold, as composições parecem mais introspectivas do que as de trabalhos anteriores. As canções são mais intimistas, como um suspiro abafado, e menos expansivas. As harmonias vocais de Johanna e Klara estão realmente impecáveis. Não é nada muito diferente do que elas já apresentaram anteriormente mas, apesar de muito cruas e diretas, as músicas estão claramente mais carregadas de qualidade e produção. É como uma versão melhorada e aperfeiçoada de tudo o que já havia sido mostrado em seus trabalhos passados, o que é bom para os fãs, já que a essência do grupo permanece intacta.

Apesar das canções apresentarem uma sonoridade que lembra bastante o Folk americano, a dupla sueca dessa vez inova com algumas experimentações em outros campos, como em The Bell, que traz uma flauta lembrando influências de música celta, mas sem perder o seu som característico. Isso acaba ajudando a quebrar um pouco o padrão da sonoridade apresentada, dando mais movimento ao conjunto.

Já a instrumentação ganha mais “corpo”, mais profundidade e peso. Logo na faixa de abertura, My Silver Lining, podemos sentir isso. É uma música carregada, em sonoridade e letra, e cheia de emoção: “I’ve woken up in a hotel room, my worries as big as the moon / Having no idea who or what or where I am”. Não só aqui, mas ao longo do registro, percebemos diversas metáforas e músicas que se afogam em sentimentos, de amor, dor, saudade, mudança, ou uma mistura de vários deles, que acabam trazendo resultados muito bons para quem ouve.

O crescimento neste caso ajudou a dupla de diversas formas. Deu mais segurança, e isso reflete em todo o resto, tanto em sonoridades, composições, quanto vocais. Em Cedar Lane, percebemos a força na voz, enquanto a letra é frágil, cantando “How could I break away from you?”. Essa é uma das muitas dualidades que ajudam a compor a obra ao longo da audição. Além desta, a faixa-título também embala poderosos coros, assim como o resto do álbum, que mescla essa força e fragilidade, seja na voz, letra ou instrumentação. Tudo funciona sempre em um equilíbrio impresionante, sempre muito bem composto.

A parte boa é que Stay Gold não é limitada ou podada pela maturidade. Ainda podemos sentir o mesmo brilho que definiu os trabalhos anteriores da dupla, já que a mesma doçura de sempre permanece ali. A diferença é que este é um álbum que apresenta uma visão mais sombria e introspectiva sobre as coisas. A dupla tenta conquistar a todos que ouvem o seu som e, felizmente, conseguem ganhar os corações, até os vazios de esperança de uma geração com seus vinte e poucos anos.

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Autor:

Largadora por vocação. Largou faculdades, o primeiro namorado e o interior. Hoje só quer saber de arte, cinema, música, fotografia e sair correndo pelo mundo.