Benjamin é cantor, compositor, multi-instrumentista, produtor, baiano e muito talentoso. Last é o primeiro álbum completo do músico, agora morando em São Paulo, no qual opta pela simplicidade da voz e do violão, talvez como uma forma de eliminar barreiras que impeçam o público de perceber sua sensibilidade e sinceridade ao fazer música.
Como uma reflexão para o próprio artista e seus fãs, acho limitado enxergar Benjamin “apenas” como um nome do Folk. A maneira simples com que constrói suas faixas provam que ele é um artista popular que usa a música para se comunicar e emocionar as pessoas e ele mesmo. Faz isso através de canções com estruturas Pop, belas melodias vocais, um talento ímpar no violão – muito evidente em Silent – e letras sem floreios, encaixando tão perfeitamente nas melodias que fica difícil especificar se o baiano é mais compositor, cantor ou produtor, o que seria uma injustiça com qualquer uma de suas habilidades.
A meu ver, Last funciona bem como primeiro disco, já que mais do que ser belo dentro dele mesmo, tem sua função expandida sendo ideal como cartão de visita para entender a música de Benjamin. As faixas são de uma perfeição que impressiona em um projeto tão recente – idealizado em 2008 e tomando força com o EP Live From A Dead Room – A One Take Session, de 2012.
A primeira grande qualidade que deve ser observada é a aparente naturalidade com que constrói melodias deliciosas, acessíveis e que cumprem o objetivo de guiar o ouvinte entre momentos de angústia e esperança, dois dos sentimentos mais evidentes durante as audições.
Justamente por suas estruturas Pop, pela construção caprichada e produção quase perfeita, gostaria muito de ouvir algumas faixas como Ceilings e Absence em arranjos mais complexos e grandiosos. São letras e melodias tão universais que ficariam impecáveis tanto acompanhadas de um Noise Rock quanto de elementos eletrônicos no melhor estilo The Postal Service. Não que isso seja uma sugestão para ele, de forma alguma, é apenas uma reflexão que comprova a beleza e o poder de suas faixas, instigando a curiosidade de ouvi-las em outras roupagens.
De certa forma, estas produções mais ambiciosas estão presentes, mesmo que de forma tímida, em faixas como Soldier, com o tratamento na voz lembrando Bob Dylan ou Jake Bugg e Collapsed, com uma clima mais sombrio e um belíssimo eco na voz, daqueles detalhes que mudam completamente nossa percepção. Não por acaso, estas são minhas preferidas no disco. Benjamin consegue algo nem sempre tão visível dentro do Folk, uma boa variação e criatividade nas melodias, deixando a audição agradável e ambas as faixas citadas colaboram ainda mais com esta sensação.
A voz e violão sem dúvida funcionaram como uma forma de Benjamin se apresentar de forma limpa para um público que vem conhecendo aos poucos seus trabalhos, principalmente em apresentações ao vivo. Mas Last escancara tantas qualidades do músico como compositor Pop, que estimula nossa imaginação a pensar como seria o baiano produzindo de outras formas.
