Resenhas

Hamilton Leithauser – Black Hours

Fujindo um pouco ao Indie, ex-vocalista de The Walkmen surpreende com obra muito bem produzida

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Ano: 2014
Selo: Ribbon Music
# Faixas: 10
Estilos: Indie, Chamber Pop, Singer-Songwriter
Duração: 42:40
Nota: 3.5
Produção: Hamilton Leithauser, Paul Maroon, Rostam Batmanglij

Lembro-me quando o ímpeto de The Rat, a música poderosa e amarga de Bows + Arrows, um dos grandes álbuns de The Walkmen, me pegou pela primeira vez. No início dos anos 2000, o grupo florescia em meio a tantos outros grupos num cenário extremamente prolífico para o Indie Rock. De lá para cá, The Walkmen lançou sete álbuns, até que finalmente entrasse num hiato (aparentemente definitivo) anunciado no ano passado.

Seguindo o curso natural dos eventos, Hamilton Leithauser chega neste mês com seu primeiro álbum solo, intitulado Black Hours. É inevitável comparar essa estreia com os trabalhos de seu grupo anterior, afinal, a mesma atmosfera em preto e branco parece se manter, além do fator que assegurou seu destaque por tanto tempo: a performance e o timbre azedo inconfundíveis de Leithauser.

Embora o apelo de propaganda de Black Hours se dê justamente na semelhança com o Indie Rock de The Walkmen ao escolher como single a faixa Alexandra, nao é exatamente neste universo que o álbum se encontra. Aproveitando a empreitada solo, Leithauser parece apostar na sua performance de singer-songwriter e produzir um “álbum de canções”, e, para isso, conta com a participação de um time de peso: temos Rostam Batmanglij (Vampire Weekend), Amber Coffman (Dirty Projectors), Richard Swift (The Shins), Morgen Henderson (Fleet Foxes) e The Cave Singers, além de Paul Maroon, ex-companheiro de The Walkmen.

O trabalho começa com tudo, com sua faixa mais bonita e em sua melhor forma, além da produção elegantemente orquestrada de 5 AM. Aos poucos, o álbum parece perder seu foco e também sua força, ficando arrastado nas próprias sombras que evoca. Mas, esse pode ser um efeito saindo pela culatra de tentar impressionar logo de cara. Por isso, não se engane: Black Hours é um prato cheio para os fãs de Leithauser e é um bom exemplo do que significa um álbum coeso, extremamente bem produzido e executado.

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Autor:

é músico e escreve sobre arte