Resenhas

Arthur Matos – Accidental Light

Primeiro disco em inglês da carreira do músico continua a beleza de seus arranjos Folk

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Ano: 2014
Selo: M4Music
# Faixas: 11
Estilos: Folk, Pop Folk, Folk Rock
Duração: 48'
Nota: 3.0

O terceiro álbum de Arthur Matos é também seu primeiro, já que suas canções agora vem em inglês. Pode parecer um detalhe dentro da música Folk – são muitos os brasileiros que se aventuram no estilo sem a língua portuguesa -, mas não no caso do músico de Aracaju. O idioma estrangeiro deu um clima diferente às suas composições sem perder, no entanto, a beleza de sua obra.

As músicas no violão são muitas vezes sinônimos de sinceridade autoral, de uma interpretação capaz de tocar a alma. Sair da zona de conforto e decidir cantar em outra língua é um desafio que Arthur tirou de letra, só que – sim – com o prejuízo de uma naturalidade maior na sua mensagem. Veja bem, isso não incomoda em momento algum, porém, quando comparamos a trabalhos como Pacífico Atlântico, notamos o tal prejuízo.

Conheci seu trabalho ao vivo há quase exatos dois anos e, usando a palavra que usei na época, “aprovei” o que vi. Mais do que isso, lembro de comentar com a amiga que foi comigo ao show que o pessoal conversando não só nos atrapalhava, mas estava perdendo a chance de ouvir músicas belíssimas, daquelas que fazem dois corações – o do músico e do ouvinte – se tocarem. E isso acontece menos em Accidental Light, mas você nunca deixa de curtir o disco.

Suas melodias são Pop, daquelas que você já acompanha desde a primeira audição. “Instant favorites”, pra usar um conceito também estrangeiro. É muito difícil escolher uma só preferida, mas a força de Between Us e a beleza de Northern Star e Tomorrow chamam a atenção sem muitos esforços, do tipo que você sempre percebe o quanto gostou delas, mesmo se estiver fazendo alguma outra coisa ao ouvir o disco.

Outra coisa que gosto muito é que parece ter um quê de Britpop de vez em quando e algumas faixas devem agradar quem curte as baladas de bandas como Oasis (Marigold, por exemplo). Mas são os fãs de tons mais caipiras que farão a festa, principalmente os mais românticos. Living Colour, Summer Day e a faixa-título não me deixam mentir.

Voltando ao assunto de cantar em inglês, o problema acaba sendo (já que ele faz um som bastante Pop – no sentido da agrabilidade-, ainda que muito rico) a impressão de que algumas rimas serem um pouco simples demais e as metáforas serem muito comuns, o que prejudica – repito – uma ligação mais forte do ouvinte com a poesia. A própria Tomorrow, com uma beleza de fazer chorar, acaba sendo um pouco parecida demais com Stealing Tomorrow, da banda canadense Great Lake Swimmers.

Se isso impede o álbum de ser genial, não atrapalha a audição, e o veredito é que este é um disco pra lá de muito agradável. Se as baladas românticas no violão, sejam sob o sol de Aracaju ou no inverno de zonas mais longe dos trópicos, são a sua praia, Accidental Light é um prato cheio para o ano inteiro.

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BOM PARA QUEM OUVE: Barzin, Benjamin, Phillip Long
ARTISTA: Arthur Matos
MARCADORES: Folk, Folk Rock, Pop Folk

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.