Resenhas

La Roux – Trouble In Paradise

Quente, sexy e dançante, segundo disco da cantora mostra suas novas influências sem perder o gosto pelo Pop

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Ano: 2014
Selo: Polydor
# Faixas: 9
Estilos: Synthpop, New Wave
Duração: 41:47
Nota: 3.5
Produção: Elly Jackson, Ian Sherwin, Al Shux

É curioso pensar que faz cinco anos que La Roux lançou seu efervescente disco de estreia de mesmo nome. Normalmente, o segundo ato não tarda a chegar, principalmente quando temos a pressão por todos os lados para suceder um tremendo sucesso. Mídia, indústria, fãs – tudo conspirava ansiosamente para saber o que surgiria daquele Synthpop enérgico mostrado anteriormente. No entanto, Trouble in Paradise foge bastante de seu primeiro trabalho, principalmente na atitude e no ímpeto de suas canções, mas sem deixar de fazer um trabalho com os pés no Pop atual.

Desde a saída de seu antigo colaborador e produtor, Ben Langmaid, até entrevista da cantora Elly Jackson dizendo que já não ouvia as mesmas influências dos anos 1980 – saíam os sintetizadores da frente para entrar a Disco e o Funk -, tudo levou a um resultado inusitado, quente e sexy. Não espere sentir a atitude de faixas Bulletproof ou In For The Kill, tudo aqui é muito mais calmo e orgânico. Escute, por exemplo, Tropical Chancer e temos ali claramente uma inspiração oitentista da New Wave de Talking Heads com um riff de guitarra que se escutado com bastante atenção se mostrará uma variação de Get Lucky de Daft Punk. Dançante, traz elementos sintéticos para trazer o ouvinte mais perto da praia, dos drinks e a curtição ensolarada contraste com sua pegada noturna e quase Punk anterior. Sexotheque segue o espirito em um dos momentos mais divertidos da obra e que mostra uma nova vertente de voz de La Roux: seus costumeiros falsetes são trocados por levada mais leve em grande parte de sua condução e só retornam de leve no refrão.

As referências parecem muito claras e tudo que era considerado brega dos anos 1980, como as baladas para abraçar os amigos em uma festa da gostosa Paradise is You, até a volta de uma pegada Post-Punk conduzida em um sintetizador com timbres cheios, é criado de um jeito Pop que só a cantora sabe fazer, criando um disco acessível, divertido e contemporâneo. A difícil escolha por mudar totalmente a sua direção se mostrou arriscada em um primeiro momento e por isso tanto tempo para que Trouble in Paradise visse a luz do Sol – fora os problemas de saúde da cantora devido as intensas turnês. No entanto, não poderíamos ficar mais satisfeito com a mudança de ares que sempre será um choque para fãs antigos mas que se fosse lançada nos moldes antigos, provavelmente soaria datado: meia década de diferença nos tempos atuais é um período muito longo para a música.

Faixas incríveis como Let Me Down Gently, uma das grandes candidatas a hit de sucesso da cantora – crescente, um de seus melhores momentos de voz, uma batida que não sai da cabeça e uma produção impecável – mostra que no La Roux ainda pode ser uma referência no Pop. O clima alegre, praieiro mas sempre com os pés na pista de dança da Disco são o alívio sonoro em Uptight Downtown, Cruel Sexuality e em grande parte de seu álbum, trazendo um som sexy sem ser vulgar, acessível e que mostra que saber parar, mudar caminhos, é importante na vida de qualquer músico. Antes rainha do Synthpop, Elly Jackson quer fazer outro tipo de música, mas sem perder o seu reinado do Pop, e Trouble in Paradise é um bom segundo disco, fugindo do estigma que tais obras sofrem.

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BOM PARA QUEM OUVE: Marlene, Austra, Ellie Goulding
ARTISTA: La Roux
MARCADORES: New Wave, Ouça, Synthpop

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.